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Contos-->POTSGRIL...OH DEMÔNIO!!!! -- 12/01/2012 - 13:00 (Ilário Iéteka) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

Em uma cidade qualquer, eu me encontrei ás dezenove horas, fugindo de uma tempestade que se aproximava com ventos, relâmpagos e raios. Eu saí correndo em direção a minha moradia que era na pensão da dona Maria. Entrei pela lateral do prédio de dois andares, onde havia um corredor que era o nosso caminho para irmos até aos nossos quartos. Ali nos fundos havia uma república de mais ou menos vinte pequenas casinhas individuais, uma delas era o meu o lar.

Ao chegar, notei que todas essas casas estavam destruídas, menos a minha. Esta estava á deriva coberta com uma lona preta de plástico, igual aos que os sem terras usam para cobrir seus casebres. Fiquei desesperado, percebi que o temporal estava se aproximando perigosamente, e o meu barraco corria perigo de desabar. Minhas roupas, calçados e tudo estava por um triz. Fui mais que depressa a procura da dona Maria, queria que ela tomasse uma decisão urgente referente a minha pessoa, queria saber por qual motivo fui o único a ficar do lado de fora de sua pensão. Todos os colegas da república estavam no velho prédio em seus quartos bem acomodados, eu abandonado lá fora, pensei:

_ Será que me esqueci de pagar o aluguel do mês passado? Por isto fui esquecido?

 

Eu queria resolver o meu problema com a dona da pensão, antes que desabasse a chuva. Ela me conhecia há anos, sabia que eu era um inquilino bom, sempre paguei minhas obrigações rigorosamente em dia. Olhei para a parte detrás do prédio, havia uma escada que levava ao primeiro andar. Muitos dos moradores estavam entrando e saindo, então pensei:

_ É por aqui que eu vou! Eu preciso cortar caminho, tenho que localizar o mais rápido possível a dona da pensão.

Tentei subir aquela escada íngreme. Ao chegar próximo da porta percebi que a mesma escada ameaçava ruir, logo desisti e resolvi ir pela frente, assim não correria perigo. Ao contornar o velho prédio vi que o canto também ameaçava ruir, as paredes estavam rachando, o perigo era iminente. Caminhei o mais rápido possível, entrei na sala perguntando pela dona Maria, ninguém sabia informar sobre seu paradeiro. Subi velozmente, fui até os quartos que se localizavam no canto da pensão, queria alertar as pessoas que ali moravam, eles estavam correndo perigo de morte. Quando comuniquei o fato que estava por vir, ninguém me deu atenção, pareciam não se incomodar com o que estava prestes a lhes acontecer.

Eu comecei a perguntar para os moradores se havia um quarto desocupado, porém a resposta era negativa. Corri de um lado a outro e nada conseguia e o desespero aumentando. Raios e trovoadas não cessavam. Não consegui encontrar dona Maria. Eu continuei procurando a mulher. Senti que algo de ruim estava acontecendo naquele lugar, então comecei a ficar apavorado.

Ao sair no pátio, dei de cara com umas aves se espojando na areia, uma delas se virou de costas e abriu o bico pedindo alimento. Eu procurei nos bolsos, mas não tinha uma migalha para a pobre ave. Gente indo e vindo, comecei a pedir comida para o pobre bichinho, todavia ninguém dava atenção, parecia-me que não queriam acabar com a fome da coitadinha. Eu resolvi fazer carinho em seu peito para acalmá-la. Em poucos minutos percebi uma grande transformação em sua cabeça, começou a sair dois chifres, ficou com o aspecto igual de um morcego. Seu corpo aumentou, notei que tinha quatro patas, parecido com um pequeno bicho que existe no litoral, conhecido pelos pescadores por corrupto, é usado para iscas, eles são localizados na areia úmida do mar. Andam por de baixo como se fossem tatus, não é difícil de localizar é só seguir a elevação que deixam na areia.

Aquela cena me assustava. Eu sentia que não era humano, e comecei a deduzir que era um ser do outro mundo. Afastei-me o mais depressa daquele lugar. Neste mesmo momento surgiu o senhor Bigode, meu vizinho de longos anos. Este por sua vez, disse-me:

_ Eu vou ter que matar este bicho, do contrário vamos ter muito trabalho com ele. Onde ele está escondido?

 

Eu não queria falar, já sabendo que poderia acontecer algo comigo pelo ato delatado. Apenas dei uma piscadela e indiquei com dedo onde o bicho se escondeu. Ele estava atrás da igreja, embaixo da torre do sino, pois ali tinha uns pequenos buracos de ventilação. O senhor Bigode tirou o revólver da cintura e foi ao encalço da fera. Percebi que o animal se escondia de buraco em buraco. Com a arma em punho, o vizinho tentava engatilhar e não conseguia, vi que o poder daquele bicho era enorme, o homem estava decidido a acabar com o chifrudo. Fiquei só olhando. Aquilo começou a incomodar-me, o revólver começou a enferrujar de uma certa maneira, que acabou sendo inutilizado pela fera, mas o Bigode insistiu na perseguição, abaixando-se para olhar nos buracos a fim de localizar o bicho, porém foi surpreendido por um desmoronamento da parede que acabou soterrando-o e matando-o. Aquilo me deixou desnorteado, comecei a correr para bem longe da igreja. Eu tinha que fugir rápido daquele lugar, entrei pelo corredor ao lado do templo tentando safar-me do perigo.

Acabei no pátio de uma igreja barroca, linda, com estátuas de santos bem talhadas. Apenas dei uma olhada rápida e continuei a correr, acabei encontrando uma grade de ferro alta, o portão era enorme e pesado. Eu fui direto ao trinco e forcei, estava trancada com chaves, escalar nem pensar, comecei a gritar:

_ Socorrooooooo... socoroooooooo.... políciaaaaaa...políciaaaaaa....por favor alguém pode me ajudar??

 

Eu notei que a rua estava completamente vazia, nem um ser vivo ali passava. Voltei a gritar novamente, por sorte acordei o segurança, este saiu pela porta do templo todo assustado. Ele vinha em minha direção querendo saber porque daquela gritaria. Disse-lhe em tom alto:

 

_ Cuidado!! A igreja está ruindo na parte de trás!!

 

Quando o segurança se virou, começou a gritar:

_ É o Potsgril! É o Potsgril! Cuidado, ele é vingativo, poderoso, um diabo desconhecido de nós!

 

O segurança saiu correndo para dentro do templo, dizia-me:

- Fuja, caia fora daqui!

 

Eu notei que o satã tinha passado por debaixo de tudo, surgiu no pátio rasgando o chão e vinha em minha direção. Percebi que o desgraçado estava a minha procura por ter delatado-o para o Bigode. O pânico tomou conta de mim. Comecei a sacudir o portão de ferro com toda força possível, tentando abrir, vi a morte chegando e não conseguia escapar, gritei, berrei, implorei, chorei, nada adiantava. O Potsgril se aproximando com rapidez e estava furioso. Quando o desgraçado agarrou-me e sua vitória era certeira sobre minha vida, fui tragado para o mundo da realidade. Graças a Deus acordei-me, todo arrepiado, suado, foi um grande alívio, era um sonho. Sonho? Que nada, foi um enorme pesadelo, isto sim.  Foi fantasmagórico.        

Para a psicanálise os sonhos são desejos do subconsciente. Os estudiosos devem estar enganados, por que qual pessoa em sã consciência gostaria de travar a batalha contra uma legião do mal? Não sei se há recados espirituais em pesadelos como esse, mas deixaram-me confuso por pequenas horas, porque em poucos instantes veio uma noticia triste para minha pessoa, a morte de uma tia que era fundadora da mesma igreja local do sonho e vizinha do senhor Bigode. Existe muita coisa sem explicação lógica na vida, muita coisa entre o céu e a terra que nos sai do entendimento físico. Porém coincidência ou não, certas coisas se encaixam sem a gente perceber.

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