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Cronicas-->A COMIDA DA INFÂNCIA -- 07/12/2006 - 21:10 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



A COMIDA DA INFÂNCIA


Uma chácara, uma granja, muitos ovos, muitas galinhas. Uma mangueira onde eu subia bem atrás da casa pra comer manga verde com sal. Ou talvez, quem sabe, apenas pelo prazer de tirar os pés do chão.

Um pé de maracujá a entrelaçar seus ramos no pergolado para cobrir o tanque enquanto a balança de corda amarrada na tábua pedia licença para um pequeno vóo. Um passeio com meu avó pelas plantações para a escolha de um pinheiro...

A sorte de um e azar do outro dependia da nossa escolha (minha e de meus primos). Após cortado e transportado por uma carroça entrava na casa como uma varinha mágica e transformava-se na árvore de natal mais linda que eu já havia visto (naquele ano). Iluminava a sala rústica da casa da chácara de meus avós.

O presépio, construído com dedicação coletiva, após aventura na linha do trem para busca de matéria-prima: musgo. O lago, com caco de espelho e muitos patos de ceràmica. O alimento do burrinho do Papai Noel: folhas picadas da bananeira.

A imagem da neve, das renas, do trenó acompanhavam meus devaneios. Todos derivados de livros com contos de natal, meu presente favorito.

Nos intervalos dos sonhos e tantas brincadeiras bem no meio de um cenário de férias de dezembro, ainda me recordo do cheiro que acompanhava cada chamada para as refeições. Um aroma de comida simples que ainda saboreio com sabor de avó e lenha no fogo.

Na realidade, o brilho do fogo que sempre ardia era o que mais me atraia naquela cozinha. Contudo, não posso negar a delícia do feijão.

Já na casa dos meus pais, apesar de minha mãe ter sido sempre uma dona de casa perfeita, a cozinha nunca prendeu minha atenção. Sempre apreciei o brilho no chão e o aconchego que as flores frescas me proporcionavam quando as via arranjadas com harmonia num vaso sobre a mesa da sala de jantar.

Contudo, nunca consegui resistir ao capeletti feito de carne de frango, misturada levemente com carne de porco, e... uma uva passa. Tudo feito na mesa do quarto de passar roupas lá de casa, no quintal. O caldo de galinha tinha que ser bem apurado, com uma cebola inteira cravejada de cravos. O capeletti `in brodo´ era verdadeiramente, uma refeição dos deuses. Principalmente quando chegava a hora de saborear a massa recheada com a uva passa toda gordinha e estufada. Coisas da `mama´!

No dia a dia, era diferente. Eu participava do ritual de sentar-me à mesa para as refeições. Meu pai assim exigia. Tivesse eu fome ou não... Menos é claro, o quiabo que minha mãe dizia que `escorregava´. Mas o `diabo´ não deslizava, tampouco descia... (hoje... até o quiabo desliza)

Falando de coisas apetitosas, recordo do dia de minha primeira comunhão quando experimentei pela primeira vez um biscoitinho chamado lua-de-mel. Transformou-se no meu talismã, meu companheiro inseparável, principalmente nas ocasiões em que nunca deixo de levar meu coração.

Um outro sabor aguça minhas lembranças: Adis Abeba ( pelo que sei, nome de uma cidade da Etiópia, mas, ignoro qual a relação com o doce) Um doce feito de chocolate, bolacha Maria triturada, açúcar, manteiga e uva passa embebida no licor de cacau. Feita a mistura, minha mãe transportava a massa e a `socava´ sobre papel manteiga, numa forma de gelo de alumínio. Posteriormente... para o freezer da geladeira. No momento de servir, transformam-se em cubinhos. Todos cortados cuidadosamente. Hum! Realmente delicioso.

De tudo, o que eu sempre mais apreciava no dia a dia era o lanche da tarde: leite, biscoitos, geléias, bolo simples, pão quente,etc... Enfim, todas as guloseimas e muitas e muitas brincadeiras... No entanto, as regras eram regidas e sempre respeitadas. Outros tempos, aquele...


Heleida, 2004
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