Certa vez, quando prestava serviços hotel apareceu um hospede muito falante dizendo-se vendedor mas sem explicar o que realmente negociava.
Disse estar visitando a região e que pretendia até mesmo colocar um representante, visto que o último que para ele trabalhara o deixou na mão indo para outra empresa e assim ficando com muito dos seus clientes.
Eu que já tinha serviços demais não me interessei pela oportunidade que se me oferecia no momento, nem perguntei o que o tal homem fabricava e vendia.
Apressei-me em fazer sua ficha de hospedagem e levá-lo até seus aposentos como é de praxe e costume.
Pelo trajeto notei que ele atendia o celular e falava com seu interlocutor com uma espécie de código.
Era mais ou menos assim:
-Olha, a numero 7 custa R$ 250,00 com 10% à vista, a número 5 e mais cara, mas dá pra te fazer o mesmo preço.
Sim, a número 1 e bem mais cara, é de luxo, toda forrada em veludo vermelho com travesseiro opcional.
Terminando a conversa, virou-se para mim dizendo:
-Tenho feito bons negócios nessa cidade.
Eu disse:
-Que bom. E a conversa acabou aí.
Me veio a curiosidade de perguntar o que aquele senhor vendia, mas mantive a descrição de sempre.
No outro dia, deixei o meu turno que se encerra as oito da manhã indo para o café e lá encontrando o hóspede à mesa deliciando o seu desjejum. Cumprimentei-o dando-lhe bom dia e desejando-lhe bons negócios.
O recepcionista que me rendeu, um português falastrão muito amigo meu, era de fazer amigos com a maior facilidade.
Na hora do acerto de contas com o tal hospede o português agradeceu e disse ao hospede que sempre estaria a sua disposição caso voltasse por essas paragens.
O hospede muito alegremente disse que gostou de todos na hospedagem e com certeza voltaria sim, pois trabalhava com vendas e esperava visitar muito a região.
O português muito pândego lhe disse que o objetivo do hotel era tratar bem principalmente os vendedores, pois esses sempre os agraciava com um presente de seus produtos.
O vendedor olhando carinhosamente para o portuga disse que o que ele vendia não gostaria de presentear ninguém. O portuga não se conformando disse para o vendedor.
-Ora pois, não se acanhe, aceitarei seu presente por mais humilde que fosse.
No que o vendedor disse:
-Mesmo assim não gostaria de presenteá-lo.
-Por quê? Disse o portuga já meio sem jeito.
-Eu vendo Urna funerária. Disse o vendedor.
-Não me digas! Exclamou o português, e sorrindo disse ao vendedor:
É bom o Sr. não me dar esse presente mesmo.