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cronicas-->O ETERNO RETORNO -- 10/12/2006 - 16:45 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ETERNO RETORNO

Estou de volta a Campo Grande. Em maio deste ano estive aqui para prestigiar este evento organizado pelo companheiro ALDENIS, de cujo passado nos orgulhamos. Contemporàneos, passamos pelos mesmos carnavais, mesmas eleições e a mesma resistência na época do golpe militar. Aqui neste bairro estive desde a primeira infància, na rua do Rio, hoje Jerónimo Vilela, na casa 510. A casa permanece lá e ainda abriga a presença imaterial do meu amado irmão que resolveu partir mais cedo, no dia em que votou no presidente LULA, 27 de outubro de 2002.
Na rua do Rio, joguei bola no chão duro e quente, empinei papagaio, tomei banho de "maré", namorei algumas meninas e briguei sem rancor com pessoas com quem hoje me dou bem. Estudei no Clóvis Bevilácqua, aonde ia caminhando, bolsa a tira-colo e muita vontade de aprender português, matemática e música. Essa última, aprendi numa Escola pública, hoje ETEPAM, onde aperfeiçoei o desenho, a pintura e estudei numa banda de música, donde saíram nomes consagrados, feito NANÁ VASCONCELOS, a quem tomei por diversas vezes a lição de solfejo.
Dali também saíram os maestros FORMIGA e EDSON RODRIGUES, o sem dúvida maior saxofonista do Brasil e parceiro inédito.
Em 1963 conheci de perto uma figura mágica, genial, que consegue escrever arranjo sem a grade matriz: o maestro DUDA. Consegui ficar amigo dele, muito mais para meu privilégio do que para si mesmo. Foi ele que veio à minha modesta casa, avisar que eu havia ganho um festival de música nacional, no qual participaram CAPIBA e LUPICíNIO RODRIGUES. Já imaginou, com que plêiade me meti?!
Depois cometi a faculdade e um casamento que deu certo, os dois exatamente nessa ordem. Para agradar as mães, paguei à Igreja Católica, para me casar na Rosário dos Pretos (pra fazer jus, claro!!), e
o meu amado sonoplasta foi o fiel escudeiro, o famoso ROQUE (à época, VADO), publicitário maior e eminente poeta. É claro que a freira ficou puta da vida, porque queria me cobrar cortinas, flores e quetais, do casamento ocorrido no sábado, 1° de fevereiro daquele ano e não soube exatamente que gênero de música seria reproduzida no templo. Sim, porque nos casamos, eu e a Norma, numa segunda-feira, sob a égide de BACH, BEATLES, MODERN JAZZ QUARTET, CAETANO VELOSO e JOHN COLTRANE. Por obviedade, não confessamos nem comungamos, mas bebemos bastante espumante fornecido por um certo cidadão chamado RAUL, que carregava a desgraça de me ter como filho. Ele, que não mantinha um bom relacionamento com seu nobre coração, não compareceu ao casamento. Mas lá esteve dona ZEZÉ, minha mãe, absolutamente horrorizada com a forma como resolvi tratar a Igreja Católica.
Os anos setenta chegaram, viajei pela primeira vez aos Estados Unidos para estudar, conheci um pouco o mundo exterior e voltei com algum senso crítico, convicto de que havia nascido mesmo no Fundão de Dentro, que nada tem a ver com Manhattan ou Quebec.
No bairro da Casa Forte passei meus melhores anos. Era feliz, e tinha certeza disso. Ali escrevi minha primeira filha, RENATA, plantei meu primeiro livro e gerei um pequeno arbusto no quintal.
Ali fui pai da ROBERTA, minha segunda filha que hoje, distante fisicamente, faz a América e já possui um green-card, que não é para todo o mundo não. Em 1977, perto de uma vitória maravilhosa do meu clube, o Santa Cruz, nasceu o capitão Rodrigo, informata nos dias atuais e meu violonista predileto, principalmente quando toca TOM JOBIM. (Mas devo reconhecer que sou pai de uma filha púbere).
Tornei-me professor da UFPE em 1975, fui trabalhar numa estatal de energia elétrica e comecei a viajar muito, escrever umas coisas, depois de ter desistido da música, porque num certo concurso, descobri que a fraude fazia parte dele e a cultura oficial o cumpliciava. Nunca mais participei de concursos de música, exceto do tal Abertura da Rede Globo, que o promoveu para lançar o pernambucano Alceu Valença.
Voltei a morar na zona norte, em Olinda, Salgadinho, onde compramos uma casa próxima ao Centro de Convenções, onde hoje moram filho e neto. Com o episódio da separação e do divórcio, infelizmente, ausentei-me do Recife. Mantive outras relações "diplomáticas". Agora, assinei um contrato psicológico com Maria das Graças, aqui presente, e que seja sustentável enquanto durar. Resolvi viver no mato, numa área de preservação ambiental na zona oeste do Estado, num município chamado Camaragibe, que tem origem numa fruta chamada camará. Atualmente, quando não estou lecionando, ouço passarinhos, dedico-me à literatura e à música, que são as melhores descobertas do homem. Participo de um site na internet, onde posso publicar meus textículos, contos, poesia e ensaios literários.
Depois dos sessenta anos, a gente tem mesmo é que retornar à origem e se dar conta que viver, apesar de tudo, ainda vale mesmo a pena e o tinteiro.

WALTER DA SILVA
Camaragibe Pernambuco Brasil
06 de dezembro de 2006
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