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Contos-->O GRANDE MILAGRE -- 10/06/2012 - 21:28 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O GRANDE MILAGRE
Um nanoconto
Juan de la Ville
Porto, 11 de junho de 2012

Desceu a escada que dá para o metrô da estação 24 de agosto. Vai toda emperiquitada de cores australianas. Olha as máquinas da bilheteria Andante. Valida seu título de metrô. Passa em frente das ruínas da cidade antiga soterrada, olha surpresa a arqueologia do ponto Mijavelhas, e segue adiante na direção de Fânzeres via Campanhã até ao Estádio do Dragão. Viaja no meio de uma comunidade étnica variada onde há marroquinas, brasileiras, portuenses, minhotas, guineenses e conimbricenses. Turistas misturadas com o povinho da terra. Também andaram por aqui  celtas e suevos. Mas não há vestígios patentes nos vultos ambulantes de hoje. Marisa é inconfundível. Vai na Worten para resolver um negócio. Sai da carruagem do metrô, sobe a escada e dirige-se às instalações da Worten para carregar a internet de seu Kanguru que comprou na Optimus. Aviada, anda mais duzentos metros em direção ao shopping Dolce vita para conhecer e visitar a Livraria Bertrand. Dá uma olhada geral nas novidades expostas. Pára na seção de Literatura e chama-lhe a atenção um exemplar de tarja vermelha no fundo. Pega-o em mãos. Era o Sermão do bom ladrão pregado pelo padre Antonio Vieira na igreja da Misericódia em Lisboa. Um pedaço de boa prosa do supremo Imperador de Língua Portuguesa, como o batizou Fernando Pessoa. Uma coincidência. Um texto que tinha saído na prova de português do vestibular que acabara de fazer há pouco tempo. Era um reencontro. Mariza leu umas páginas por curiosidade e se reencontrou com algumas passagens da prova. Achara bonito e sensível o pedido do bom ladrão: - senhor lembra-te de mim quando estiveres no teu reino. Mariza andava muito confusa por problemas amorosos do coração. Meio desvairada no momento. Esta sua viagem, por isso, assim ao acaso, pegando metrô, shopping e livaria era uma espécie de escapadela à pressão buscando mais soltura da mente. Comoveu-se com o diálogo do bom ladrão que acabava de ler no sermão de Vieira. Pequenas coisas a gtocavam. Em seu íntimo o que mais desejava era ouvir também uma voz celeste que lhe desse paz assim como o bom ladrão quando Cristo agonizante na cruz lhe garantiu o paraíso. Nos breves minutos em que folheou o sermão de Vieira, um lampejo de inspiração lhe varreu a mente o coração. Sairia dali, do Dragão, voltaria ao Campo 24 de agosto onde morava e subiria até à igreja do Bomfim no centro velho do Porto e agradeceria a Deus o milagre inspirado na súplica do bom ladrão que a transformou. Quem sabe o Senhor do Bonfim que ali mora não transmitiria um sms para Santo Antônio, patrono dos namorados, em nome de Marisa?
Juan de la Ville
Porto, 11 de Junho de 2012

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