Antigamente, os golfinhos eram animais dóceis, educados, inteligentes e, porque não dizer, lindos; tudo somado, os golfinhos eram os mais simpáticos habitantes do mar. Porém, um dia, um golfinho adepto a práticas sexuais um tanto vexatórias foi pego, em flagrante, satisfazendo seus desejos carnais, todos não condizentes à boa moral cristã.
Foi o fim dos bons golfinhos, mesmo eles contra-argumentando que não eram cristãos, que nunca tiveram idade média, que nunca foram modelados por religião ou cultura nenhuma, até mesmo chamando-nos de recalcados, ignorantes ou preconceituosos; de nada adiantou. Logo alguém apareceu dizendo que os golfinhos não eram tão inteligentes, que não eram nem mesmo dóceis como tanto se acreditava. Era o fim.
Jesus estava certo:
- Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra - e cochichando para Madalena - se alguém atirar a primeira pedra é cada um pro seu lado e Deus nos acuda, hein?
Os golfinhos levaram a primeira pedra, daqui pra frente nada de bom. Bom mesmo, só para os tubarões, que agora podem comer quantos golfinhos quiserem sem ter medo de atos de protecionismo unilateral dos seres humanos. E aos comidos ainda sobrará as piadas:
- Você viu que os tubarões estão comendo todos os golfinhos?
- Mas comendo como? Não pergunto pelos tubarões... mas você sabe que os golfinhos são bichos sem vergonha, né?
Mas assim é para nós o reino animal, se os golfinhos estão out da próxima estação, bom para os elefantes que sabem olhar-se no espelho.
- Que maravilha, o elefante se reconhece no espelho.
E refletido no espelho temos um elefante, com uma mancha preta no pêlo, pensando: - Mas que inferno! Não consigo alcançar essa mancha no meu pêlo... ah se eu pego o filho de uma p... que fez isso.
Talvez, este elefante tinha um complexo de um mamute mitológico chamado Narciso, ou, talvez, simplesmente não gostou nada da brincadeira de ficarem pintando manchas em seu pelo. Como sabê-lo? Ou uma pergunta mais inteligente: de que adianta para um elefante se olhar no espelho? Que eu saiba, espelhos não nascem nas árvores africanas.
A verdade é que, para os elefantes, de nada importa saberem se reconhecer num espelho, aliás, de nada importa saberem que são chamados de elefantes. Nunca na história foi registrado um elefante namorando uma leoa, ou um elefante levando uma árvore nas costas pensando ser sua quinta pata. Os elefantes sabem, sempre souberam, e nunca vão se esquecer de quem ou como são. Mas aparece alguém que diz:
- Os elefantes raciocinam de forma semelhante aos humanos.
E agora quem tem medo de ir a zoológicos e circos sou eu. Nunca se sabe até que ponto isto ofende os elefantes. Os macacos já nos jogam todos os objetos que acham pela frente poe este motivo, agora, um bicho forte que nem o elefante, vai jogar o que?
Mas ignorando o pensamento dos elefantes, o que importa, é que hoje um time brasileiro venceu um europeu... e esse é meu medo.
Porque, a pura verdade é que, ignorando substituições, onze homens venceram onze homens em determinado esporte. Nada mais que isso. Mas como quem ganhou foi um time brasileiro, em pouco tempo, alguém aparecerá dizendo:
- O Brasil vence a Europa!
Sempre que escuto isso tenho 30 milésimos de segundo de euforia: somos um país com melhor educação, estamos no primeiro mundo, saiu do Brasil a nova descoberta científica que irá revolucionar o mundo, nosso IDH alcança o da Dinamarca num anoitecer... mas logo entendo, foi só uma partida de futebol.
Torci para que perdesse. Não porque era o Inter, não por, como alguns, achar que sou meio europeu, por ter um avó que veio de lá. Torci para que perdesse porque sou brasileiro. Torci para que perdesse para não ter de aguentar todos os noticiários falando de uma partida de futebol, enquanto nossos parlamentares dobram seus salários, enquanto absolvem um mensaleiro, um sanguessuga, ou se envolvem em um novo escàndalo, aproveitando a alegria coletiva de "termos ganhado da Europa". E principalmente, torci para que perdesse, antes que algum ignorante, bem intencionado, apareça em rede nacional e diga:
- Essa vitória, dedico ao tão sofrido povo brasileiro.
Não quero! Fique com seus anestésicos ou tratamentos paliativos, e com sua vitória que de nada vai mudar a vergonha na qual está afundado este país.
Amo futebol, amo esportes, mas em partidas internacionais torço contra, sempre, e cada vez mais, e assim vou continuar enquanto alguém não lembrar o nome daquele deputado mensaleiro, mas lembrar quantos gols fez o Ronaldinho; e enquanto escondam a sujeira do governo por trás deste patriotismo inútil e calhorda. Torço contra.
Antes um golfinho tarado que desmistifique a fabula, que um elefante vaidoso que enobreça o inútil.
INFORME CELESTIAL: DEUS, EM TODAS SUAS ONIQUALIFICAÇÕES, INFORMA QUE ESTÁ OUT NO MOMENTO, OCLUSO A PRECES E ORAÇÕES. DEVIDO AO FABULOSO SUCESSO DE VENDAGENS DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO, ESTÁ OCUPADO COMPONDO E ESCREVENDO O MODERNíSSIMO TESTAMENTO, ONDE CONTARÁ, ENTRE OUTRAS HISTÓRIAS, A INÉDITA SAGA DE SEU FILHO MAIS NOVO: JENÉSIO.
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