Era dia 9 de dezembro de 1995. Aeroporto lotado, presença de amigos, familiares... a despedida... o embarque com direção a Brasília. Dífícil encerrar um tempo, uma etapa da vida, uma convivência que certamente não teria nunca mais. Adeus aos familiares no dia-a-dia, ao mar que tanto inspira e aquece o coração, ao cheiro do solo, do suor, da música, da alma cearense, a um aconchego que apenas eles sabem dar... era uma partida "de vera"... de mala e cuia... por escolha, por opção, por necessidade... era a busca de um futuro, de garantir um emprego, um passaporte à sobrevivência... era um sonho, uma previsão, um desejo medroso, um desafio...
Brasília nos acolheu de braços abertos, nos sentou em seu colo, nos aconchegou em seu seio materno, como acolhe os que vêm de diversas fronteiras carregando na mala a boa intenção.
Cidade "fria", dizem alguns, eu diria que não... a diversidade de estações faz a diferença e a torna agradável, bela, acolhedora, patriota... custo de vida alto, paga a qualidade de vida... espaço para crescer, seja nos estudos, no emprego, na arte, na literatura... anónima, mas declarada dentro do seu contexto... cidade amada, linda, bela, aconchegante para uns... corrupta, distante, dizem outros.
Brasília, declaro a você a receptividade, a acolhida, as oportunidades... agradeço o mar que seu céu nos oferece tornando-nos mais poetas, mais enigmáticos, mais filosóficos.
Brasília de esperança, de tentativa, de calma, de agitação... que faz acreditar, teimar e esperar...
Brasília, Brasil... Vida... onde tudo deveria ser levado com muita seriedade, de acordo com as leis da natureza, do universo... assim tudo seria mais harmonia.
No dia em que todos entenderem tua linguagem querida Brasília, certamente deixaremos de ser filhos pródigos.
Brasília, quero ficar em teus braços até o dia em que eu sinta-me feliz por existir, por estar aqui... e que consiga reconhecer tua gratidão!
Amo você! |