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Cronicas-->Campeonato Catarinense de buraco -- 23/12/2006 - 09:26 (AROLDO A MEDEIROS) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Campeonato Catarinense de buraco

Entrei num bar que era desconhecido até então para mim para comprar cigarros e um cartaz me chamou a atenção: "Campeonato Catarinense de buraco".
Fiquei empolgado, pois sou um cara fissurado em jogos de baralho e o buraco ou a canastra são para mim dos melhores jogos que existem. Tenho a seguinte teoria: Buraco é jogo de rico, de pobre é canastra, pois o pobre no dia a dia já está no buraco, só faltando ser enterrado.
Perguntei para o dono do bar como se fazia a inscrição, qual o valor e outras indagações do gênero. O bodegueiro, muito atencioso e simpático, me falou que aquele campeonato não correspondia ao que eu estava interessado em participar.
- Esse campeonato de buraco é de buraco mesmo, aquela falta de asfalto na BR ou de lajotas nas ruas. Ninguém particularmente ganha, todos nós ganharemos, porque depois de um bom número de depoimentos publicaremos no jornalzinho do bairro e talvez até saia numa publicação bem maior.
Aí é que fui entender o espírito da coisa. O dono daquele bar simples e limpo ficou satisfeito com a minha admiração pela proposta que ele encampava e trouxe lá de dentro umas folhas de papel, cheias de anotações e começou a lê-las:
- Todas essas observações correspondem à BR 101, no trecho catarinense, ou seja, de Passos de Torres à Garuva. Cada nome corresponde à quilometragem em que se encontra o fatídico elemento, ou pelo menos faz noção à mesma.
E acrescentou:
- No quilómetro oito temos o buraco que recebe esse nome. São duas depressões quase grudadas uma na outra, e que muito se parece com o algarismo oito. Temos o vinte e quatro, uma cavidade que não é redonda. Formado por linhas tortas, parece até que estão requebrando quando se passa em
alta velocidade. Temos aqui também o depoimento de quem viu o sessenta e nove. Apelidado porque antes dele tem uma lombada quase do mesmo tamanho e altura, lembrando a saliência e a reentrància do seis e do nove. Meu senhor, eu tenho todo tipo de anotação referente aos malfadados buracos. O povo os chama das mais diferentes maneiras: panela, cratera, peneira, cova funda. Alguns apelidos chamam a atenção pela espiritualidade: Buraco de Ozónio, Itambé,
Catacumba, Buraco da Nova e Buraco da Velha, Buraco da Nélia, porque fica em frente à casa dessa senhora.
Eu, atencioso, fiz com que ele estendesse o papo até lembrar-se de uma anotação que estava separada daquelas.
- Essa é boa. Um senhor lá do sul, se não me engano de São Ludgero, me deixou essa anotação sui generis: "Buracos 101: Três buracos, dois retangulares intercalados por um redondo formando o número 101".
Saí do bar, acendi um cigarro e percebi que o ser humano é capaz de inventar coisas diferentes do corriqueiro por mais simples que ele seja. De hoje em diante prestarei mais atenção nos buracos das estradas e vou também apelidá-los para contribuir com o tal campeonato.
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