TEORIA PRÁTICA PARA CURAR UMA GRIPE
João Ferreira
Porto, 30 de janeiro de 2006
Nada sei sobre cura de gripes. Apanho-as raramente. Tenho minha maneira
própria de lidar com elas Mas a maior parte das pessoas vai à s
farmácias, previne-se, compra remédios e tenta isolar o vírus que as
podem prostrar. Na maior parte dos casos, com êxito.
A população portuguesa atual, já com status europeu avançado, pratica
a normalidade que lhes preceitua o médico e a farmácia. Pega
comprimidos ou gotas anti-gripe da Bial ou da Bayer e segue em frente.
Mas há as formas populares de lidar com a gripe. Entre mezinhas e
mezinhas,destacam-se algumas que, se nem sempre resultam, são pelo
menos teorias espalhadas entre o povo, que importa conhecer e talvez
respeitar.
Estou me lembrando da teoria da tia Miminha. É uma senhora adorável.
Caseira, trabalhadora como ninguém, detentora de uma ética que os
senhores do Governo talvez não têm. Nasceu numa aldeia de Trás-os-Montes
e ainda hoje segue as regras da tradição em que foi educada. Nada de
chás, nada de remédios.
"A gripe cura-se com o tempo", diz Miminha. E quando vem a febre
"espera-se que ela passe"! Esta é a base naturalista da teoria da
tia. A cura vem do corpo. Há que acreditar nisto. Olhe, meu amigo,
diz a tia Miminha.Me diga uma coisa. Qual a diferença que há entre
a minha receita e a receita do médico, diz ela.Diferença
pequena. As pessoas que são acompanhadas pelo médico curam da gripe
em 30 dias. As que não têm o médico a acompanhar, curam em 31 dias.
Como vê, a diferença é pequena. Diferença de um dia. O corpo é que
dita a cura. Veja só. Minha mana toma cinco chás por dia, toma até
chás medicinais. E tem mais gripes no ano do que eu.
Tia Miminha está tossindo. Teve temperatura esta noite. Não quer
tomar remédios de farmácia. Continua trabalhando e confia nas suas
forças naturais. O médico, diz ela, só me ganha por um dia. Os
doentes dele curam em trinta dias. Eu, medicada por mim, curo em
trinta e um dias.
Não há muita diferença. Se a medicina oficial, portanto, não garante
o milagre, ela prefere continuar a confiar na medicina da natureza.
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