PRESO AO PASSADO
( Renato Ferraz )
Às primeiras horas da manhã,
ao amanhecer,
quando o sol ainda se espreguiça
e a brisa do mar anuncia mais um dia;
Um pequeno pássaro canta à vida!
Ele canta como se endereçasse sua melodia
a alguém, para acordá-la e dar-lhe bom dia!
Todos os dias é assim que ele se comporta,
parecendo querer agradar um ser especial.
Quando aquela mulher se levanta e sai para o seu dia a dia,
ele a acompanha, continua cantando alegremente até perdê-la de vista.
Vive para ela, canta incansavelmente para ela;
É como se vivesse para ela.
Ele voa, pousa em diversos jardins,
Canta outros cantos durante o dia
Mas para ela, a sinfonia é especial.
Ela tem consciência, não sabe explicar,
que aquele pássaro representa mais que
uma ave que canta no seu dia a dia.
Ele a faz lembrar alguém muito amado
que partiu bruscamente para uma viagem sem volta.
Mas ele é apenas um pássaro!
O seu viver, a sua alegria quando a ver
O faz comportar-se como alguém apaixonado.
Em sua melodia percebe-se, lá no fundo,
uma pontinha de tristeza...
Algo como um desejo de ser gente
Para poder beijar a amada,
Sentir o seu cheiro;
o calor de seu corpo.
Dentro de seu coraçãozinho há
Há essa vontade de ser correspondido
Ou que ela fosse um pássaro como ele
Para juntos voarem apaixonados,
livremente, cantando céu à fora!
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