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Cronicas-->Porque amamos Telminha? -- 07/01/2007 - 00:38 (Antonio Guizzo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Telminha, personagem vivida por Grazielli Massafera na novela "Páginas da Vida", tem causado enorme frisson na mentalidade masculina, na encenação de cortejo e fuga junto a Jorge, personagem vivido por Tiago Lacerda. Existe uma razão para tal, e esta razão é nossa idéia de amor.
Telminha nos apaixona.
Telminha é a última princesa da torre do castelo, a última virgem à espera do príncipe encantado em seu cavalo branco, é o nosso sonho idealizado da pureza feminina.
Telminha, em seus angelicais cachos louros, em seus vestidos de campónia indefesa e em seu recato de menina inocente, é a síntese de nosso amor platónico e patriarcal.
Telminha nos revela nossa incapacidade para amor e o extremo egoísmo com que tratamos a pessoa amada.
Não vemos nela uma pessoa, um ser dotado de vontades e desejos. O que vemos em Telminha é a concretização de nossas ambições, um objeto no qual imprimimos nossos desígnios amorosos.
A luxuria de Sandra, o arquétipo oposto, não nos impressionada pela sensualidade aflorada, nem nos assusta pela corrupção dos preceitos cristãos na figura do sexo exposto, mas sim, nos aterroriza porque reflete um ser dotado de vontades, que as impõe e as alcança, mesmo quando o custo da vitória é a superação da vontade alheia, que vemos como as nossas.
A nós, homens, a beleza e a pureza da personagem de Grazielli Massafera evidencia nossa incapacidade de entrega no amor.
Não amamos a Telminha, amamos a nós mesmos, ela é a concretização de nossos sonhos e desejos, a virgem ainda não tocada, o objeto vazio que espera ser preenchido, a negação de uma consciência alheia e a inexistência de outra vontade que não seja a nossa. Telminha é um elo de ligação entre nós e nós mesmos.
O nosso fascínio por ela não revela o homem romàntico perdido na sociedade globalizada, revela, sim, o homem globalizado, impregnado de todo o individualismo competitivo da sociedade capitalista. Com Sandra, Personagem de Danielle Winnits, teríamos que competir, correríamos o risco de ceder, correríamos o risco de dar recebendo pouco ou nada em troca, correríamos o risco de amar em todo o sentido da palavra, no doar e ganhar. Com Telminha, temos uma vontade, temos um único ser, temos apenas a nós mesmos.
A personagem fictícia de Grazielli Massafera representa o que esperamos do amor: uma doação continua que não peça nada em troca, mas isto não é amor, e sim, apenas um desejo utópico nascido do nosso mais profundo egoísmo.
Mas Telminha existe, não como personagem de um autor, não como uma pessoa real, existe como o sonho egoísta e idealizado que nos impede da entrega por amor, como o sonho egoísta e idealizado que nos afasta do único sentido da palavra amar: doação, uma dar que não obriga, apenas espera receber. Mas contra isso, Telminha nos captura na eterna busca do objeto e recusa do sujeito.

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