Naquelas manhãs de outono, lá no fundão do meu quintal, em cima do pé de acerola havia um ninho de pardais.
Logo depois que nasceu um filhotinho, minha cadela muito safada, começou a rodear o local.
Acompanhava os vôos rasantes da pardoca que ia e vinha levando o alimento para seu rebento.
Mas numa bobeada a infeliz voadora caiu nas mandíbulas da cachorra.
Fatal!!!
A Pink (nome da quadrúpede) mastigou sua cabeça mas não lhe devorou o corpo, que ficou alí exposto.
Bem, quando descobrí o assassinato, comuniquei o fato para os demais componentes da morada.
Coube-me então a tarefa de cavar uma sepultura para a penosa.
Abrí um buraco perto do pé de acerola. A decomposição do seu corpo, com o tempo, faria parte da terra circundante e seria depois incorporado pelo vegetal. Quem comesse as frutinhas vermelhinhas não notaria que teriam elas algo do que um dia tinha sido uma pardoca imprudente.
Na natureza nada se cria, nada se perde. Tudo se transforma.
Enquanto isso a vida continuava. O filhotinho foi adotado por outra mamãezinha. Não era pardal, mas rolinha. Tinha pena de cor parecida. E como todos sabemos, os pássaros de penas iguais, andam juntos.