Seu agiota eu lhe peço por favor,
me acuda que estou desesperado.
Meu saldo lá no banco é devedor
e o gerente só me olha atravessado.
Então vim conversar com o senhor
e pedir-lhe um dinheiro emprestado.
Por favor! Não me deixe na mão.
Estou cansado de tanto ouvir não,
estou ficando um homem apavorado.
Se você está querendo meu dinheiro
saiba amigo que eu empresto agora.
É só pegar esta caneta e assinar
seu nome aqui na nota promissória.
Nós fechamos o negócio rapidinho.
Você pega a grana e pode ir embora,
mas antes eu preciso lhe avisar:
Dez por cento é o juro a pagar
e se atrasar tem juros de mora.
DEPOIS DE DOIS ANOS...
Seu agiota eu fui mesmo um idiota,
trazendo à minha vida mais tristeza.
Hoje trabalho feito um condenado
e cada vez mais atolado na pobreza.
Todo meu dinheiro é para os juros,
já não aguento mais tanta dureza.
Seu agiota eu lhe peço compaixão,
pois já não aguento mais este jurão
que chega a ser até uma malvadeza.
Amigo, olhe bem para minha cara
e saiba que não sou de caridade.
Você levou meu dinheiro e usou,
agora vê se me faça a bondade,
de cumprir direito o trato feito
integralmente e não pela metade.
E se acaso não puder mesmo pagar
eu garanto que vai muito apanhar
e perderá toda a tranquilidade.
Seu agiota, eu lhe fiz este pedido
porque sou pobre, mas sou educado,
mas como estou vendo que és bandido,
saiba que eu já falei com advogado.
Agora sei que agiotagem é um crime,
nesta história, o senhor é errado.
Então deixa de ser assim tão duro,
perdoe de vez este absurdo juro
ou nós teremos que parar no juizado.
Você está vendo a pobreza como é?
Raça ruim! Não merece ser ajudada.
Sempre fazemos o possível por vocês
e no final só recebemos punhalada.
Eu arrumei toda a grana que pediu
e você deixou a palavra empenhada,
agora está querendo me dar o cano,
digo que é você que está roubando
e que pobre é tudo mesmo uma cambada.
Seu agiota, chega a ser um descabido
o senhor falar assim desta maneira.
Saiba que sou um trabalhador honesto
tudo que tenho é a custa de canseira,
enquanto que o senhor vive explorando
a miséria desta gente pobre e ordeira,
que num momento de grande desespero
sem saída vem pedir o seu dinheiro
e então paga juro a vida inteira.
