COLUNA VASQUES Marciano Vasques
CRÔNICA 140
A CRIATURA E A LETRA
-Ela é muito importante,aliás, ela é a coisa mais importante numa língua,qualquer língua.
-Quem é ela, meu querido? –pergunta a pequena Ariane para o ser que mora entre as flores, uma criatura que só pode ser vista por uma criança, pois assume a sua forma somente quando está diante de um coração puro.
-Veja se advinha, Ariane, uma escada vira espada que vira empada, uma esmola vira escola que vira escova, uma pomada vira uma tomada...
-Continue meu amiguinho...
-Um castelo vira uma costela,uma janela vira uma panela ,uma canela vira uma caneca que pode virar uma boneca ou uma soneca, assim como uma rosa vira uma roda e um pato vira um prato que pode virar um pranto que pode virar uma planta que pode virar um planeta, tal como uma fita vira fila que pode vira uma figa ou um figo ou uma faca vira foca que vira toca como fada vira fado que pode virar fato que vira mato e um sapo vira saco como a égua vira água ...
-Já sei, já sei, já sei!!! É a letra, uma única letra muda uma palavra inteira, mas me diga agora, qual é o seu nome?
Como se aproximava alguns adultos a maravilhosa criatura desapareceu...
-Olá Ariane! Conversando com o jardim?
-É, titio, é, com as flores, talvez...-responde a menina quanto continua pensando: “Qual será o seu nome? Ah, se alguma criança soubesse!”.
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