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cronicas-->BRILHO DE CADA UM -- 31/01/2007 - 12:55 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




BRILHO DE CADA UM


Heleida Nobrega Metello, 2004 (Brilho Próprio)



Quarta feira, final de tarde. Olho pelo retrovisor e apreendo ainda um minúsculo contorno do sol antes que ele escape do meu cenário. É sempre assim: ele se despede e deixa para trás um tom róseo para que as pessoas entrem na noite com o coração ainda aquecido.

Mas neste dia, as imagens não se harmonizam. Tudo é estranho. Saio de um congestionamento na marginal, e logo entro noutro, provocado pelo horário de saída dos alunos do Colégio Santa Cruz. Pais impacientes formam filas duplas ou até mesmo buzinam.

Não estou distante de casa, mas nada parece fluir. Olho para os lados: carros reluzentes e, apesar dos vidros escuros, imprescindíveis para este tempo de insegurança, conecto semblantes carregados, movimentos bruscos, discussões. Sinto arrepio... Aquele humor negativo trespassa até mesmo vidros blindados. Percebo-me repentinamente estressada.

Em que lugar a felicidade fixa residência? Deus não se encontra no asfalto? As pessoas, por excesso de segurança acabaram por `trancar todas as suas portas´?

A tarde se transforma... fica fria. Tudo começa a se tornar cinzento. A noite se anuncia antes da hora e entra de mansinho, no momento exato em que `ando´ um pequeno trecho.

Um novo tumulto: os carros se apertam numa pista. A outra, repentinamente, dá mostras de estar impedida. Estico o pescoço, mas não consigo ver o que ocorre.

Assim, obrigatoriamente, uma diversidade de modelos de carros começa o seu espetacular desfile.

Quando chega a minha vez, constato o motivo do último entrave: uma pequena carroça, `puxada por um casal´ que recolhe caixas, papéis, enfim... utensílios diversos jogados nas calçadas, ruas,lixos,etc...

Diante da cena, testemunho dois atores do caótico trànsito de São Paulo. Atores, tanto quanto qualquer um de nós, os demais personagens.

Percebo nitidamente as diferenças. Não foi preciso mais do que um segundo...

Nós estávamos absolutamente confortáveis em nossos carros enquanto eles carregavam nas costas, um peso considerável `da vida´. No entanto, caminhavam com leveza, apesar do trànsito e da carroça cheia.

As vestimentas, velhas e surradas, assim como, os chinelos de borracha não significavam empecilho para o sorriso e conversa animada. Eles tinham um brilho especial, próprio das coisas desvestidas de quaisquer rococós.

Ninguém parecia `ser´ mais importante do que eles. Tampouco, `ter´ mais do que eles. Naquele instante, bastava-lhes o que levavam um do outro e da própria vida. A felicidade era aquele momento e estava ali totalmente despojada de luxo. Tão natural e simples quanto a beleza de um lírio que não fia, nem tece no campo...

Uma colisão! Dois rapazes bem-apessoados abrem as portas e saem furiosos de seus belos e elegantes carros. Nenhum dos dois corrobora a culpa. O "bate boca" acelera o ritmo. Falta bem pouco para uma agressão física. A verbal, já havia ultrapassado o limite do bom tom. Óbviamente, se merecem. Deixo-os para trás.

Prossigo... na cadência em que as estrelas começam a tomar seus lugares.


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