«Mil tempestades vencidas outras tantas desventura nas marés das nossas vidas o sonho sopra ternura» Sílvia Marques DESÂNIMO
1
Com todo o mundo num caos,
Um futuro mais incerto,
Sem horizontes por perto,
Todos momentos são maus,
Mordidelas de lacraus…
Há tantas coisas sofridas
E tristezas incontidas
Neste nosso mundo cão,
Que só em sonhos verão
Mil tempestades vencidas.
2
Cada vez eu mais tropeço
Nas pedras onde caminho,
Nos locais onde definho.
Ergo-me e recomeço,
Ajuda de Deus não peço.
Com a vida insegura
E tristeza que perdura,
Estou farto de viver,
Só não quero é sofrer
Outras tantas desventura.
3
Futuro já não é meu,
Sinto que vou acabar,
Este barco abandonar.
Dirão que a morte venceu,
Mais um homem se perdeu.
Os anos deixam feridas
Até na alma sentidas.
Os bons momentos são poucos
E vamos ficando loucos
Nas marés das nossas vidas.
4
A maré está enchendo,
Apagando as pegadas
Na areia por mim deixadas.
Já o Além estou vendo,
Decerto estou morrendo...
Se o mal nem sempre dura,
Para mim farei a jura
De sonhar até ao fim,
P’ra poder dizer enfim:
- O vento sopra ternura!
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