Franqueza e sinceridade... onde estão vocês?
Tere Penhabe
Todos nós levantamos bandeiras e acenamos flàmulas em defesa da franqueza e da sinceridade.
Nas pesquisas de opinião, estão sempre em primeiro lugar das abomináveis, a mentira e a falsidade.
Mas então, que raio de vírus é esse, que infesta o mundo de mentira, falsidade, corrupção, omissão e tantos afins?
Ah sim, claro, eu entendo: todos nós abominamos a falsidade e a mentira desde que nós possamos continuar a cometê-las, não é mesmo?
Não adianta falarmos muito de mentira e falsidade, elas não se justificam nunca.
E essa tal franqueza, (que sujeitinha atrevida) melhor seria que nunca fosse usada conosco.
Ninguém gosta dela, essa é que é a verdade. Alguns a suportam, mal e porcamente, como eu por exemplo, mas gostar? Nem tanto...
Não é fácil encará-la de frente, nenhum ser humano está preparado pra isso; há os que dizem que sim, como eu outra vez, mas é ledo engano.
Entretanto é preciso, se a digerirmos com calma, pensando em coisas boas que a vida tem, ela desce, desce rasgando mas desce.
A franqueza está intrinsecamente ligada à crítica, que também nos é difícil aceitar.
Mas já pensaram se desde os primórdios ninguém aceitasse críticas? O que teria sido do cinema, da música, de todas as artes que povoam o mundo? Estariam estacionadas na mesmice das suas criações, sem nenhum aprimoramento, sem caminhar para alcançar a melhoria que todos os artistas desejam para as suas obras. Como melhorar sem saber o quê?
Alguns dizem com a boca cheia, que só aceitam críticas construtivas. Isso não existe. Nenhuma crítica é destrutiva, o que existe na verdade, são críticas que são aceitas, ou não. Quando não aceitamos, dizemos que é destrutiva.
Claro que existem aqueles "secretários do demónio" que só querem atazanar a paciência da gente apontando nossos erros e sentando em cima dos próprios, não é desses que eu falo quando menciono "crítica".
Falo daqueles que lêem atentamente nossos textos, por exemplo, e quando não concordam com algo, ou acham muito triste, enfim, se algo os incomoda, eles nos dizem. Acho correto, mais que isso, acho profícuo. Ninguém é obrigada a "engolir" o pacote pronto, e se não for pra ler, ninguém compra livros, concordam?
Na internet muitos alegam que é só usar a tecla "delete". Também não concordo, como já disse muitas vezes, pra sentar aqui em frente e ficar deletando mensagens, fecho tudo e vou pra praia, pescar, caminhar, ver o sol nascer, se por... é muito mais divertido. A menos que seja aqueles sopapos todos que de vez em quando passam por aqui, como brigas de casais barraqueiros, que um xinga, outro xinga, e por mais que a gente queira, não consegue entender nada. É o protótipo do hospício, e eu não me considero louca, ainda. Então eu deleto.
Mas algo que alguém escreveu com carinho, com dedicação, achando que é o "mapa da mina", depois enviou a MIM... como deletar todos os dias, sem nunca ler?
Não, meus senhores, não façam isso, a franqueza pode doer um pouco se precisar ser usada, mas garanto-lhes que dói bem menos que a indiferença, o descaso, a certeza de que somos deletados todos os dias.
E agora, como pede todo fechamento de texto que se preza, preciso por minha cabeça à prêmio: do que eu escrevo, critiquem sem medo se sentirem vontade, pode ser que eu "bufe" um pouco mas vocês nem verão, afinal, essa é a magia da internet. E prometo também, é claro, nunca espalhar suas críticas ao vento provocando celeumas desnecessárias.
Para mim, mesmo sabendo que dói e que é difícil lidar com isso, eu prefiro a franqueza, porque ser franco é "não enganar"; não podemos nos magoar por sermos vítimas da sinceridade. Mas se não tiver nada contra nem a favor, o silêncio também é sinceridade...
Santos, 17.01.2007_17:00 hs
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