Aqueles lábios carnudos,
Que orlam meigo sorriso,
Escondem todo o feitiço,
Daquela morena faceira,
Que me conturba o juízo.
Do meu tempo dedicado,
A esconder-lhe o encanto,
Que exibo no semblante,
Parte dele me é roubado,
De jeito a causar espanto.
São momentos passados,
Em brochuras debruçado,
Divagando por seu corpo,
Atrevendo-me em seu siso,
Em versos contar meu fado.
Balbucio frases confusas,
Perdidas no olhar teimoso,
Que aquele sorriso vigia
E escapa de sua altivez,
Mimo de um colo generoso.
Guardarei com esta pena,
Um pouco desta clausura,
Que prende o pensamento,
Antes que seja uma cela,
O amparo a esta loucura.
Por um sorriso de mulher,
Ouvem-se histórias por aí,
Que contam apaixonados,
Como presos em casulos,
Que não mais podem sair.
AdeGa/97
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