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Contos-->Sete Tranças Congeladas -- 20/03/2013 - 11:55 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Nem tudo que Corina aprendeu, veio das cercanias da fazenda Campo Grande. Ela tinha impressões de viagem do Rio de Janeiro ao Piauí, fuxicando com a neta o Centro-oeste, parte do Sudeste e todo o Norte de Minas para reconstruir a colcha de retalhos que era a história  de Cláudio: uma realidade ou uma lenda? A Carimbamba, por exemplo, a mulher de Cláudio achava que era invenção do marido. Ele contava que ninguém do sertão ou do mar, jamais viu a carimbamba. Só à noite se ouvia seu lamento triste, semelhante ao clangor da acauã canglorando, canglorando, agourando morte na aldeia, sem parar. O povo dizia que na lagoa morava um pássaro sanhoso, sanhudo, que trazia presságio agourento em seu canto. Quem o visse cantar, ficava menino se fosse velho e ficava velho se fosse menino. E assim, quando Yula Maria nasceu, o pai dela prometeu casá-la com a carimbamba, para quebrar o encanto da lagoa, sonho que muitos sonhavam em usufruir do banho nas águas do pequeno lago. Dizem que a carimbamba que há três mil anos cantava, tinha cabeça de gente e asas que não voam. Era igual em malvadeza ao Cabeça de Cuia queSete Marias[1]precisava tragar. Sete virgens comer pro encanto acabar...  Era quase escuro quando Yula ouviu cantar: “amanhã eu vou... amanhã eu vou. Curiosa, adentrou a mata e ao pisar o junco na beira do brejo, a vegetação se abriu e a lagoa encantada apareceu. A mocinha viu a carimbamba e nunca mais voltou para casa. Até hoje, corre o boato que uma velha encurvada grasna em noites de lua cheia na lagoa, que não é mais encantada.

— A carimbamba existe mesmo vovó?

— Quando se acredita em uma coisa ela passa a existir de verdade. Mas a carimbamba só existe em teus medos. E agora que se casou com a mocinha camponesa, o encanto foi quebrado.

— E a menina se transformou numa velhinha?

— Bem a velhinha faz parte da técnica utilizada pelo autor para que a história nunca termine, continue viva e passe de geração para geração. Nas lendas e histórias infantis, as personagens não crescem, não envelhecem e não morrem. Estão sempre vivas e quando alguém agita as páginas do livro em que elas moram, uma porta se abre e as personagens saem. Tomam a forma de gente e convivem com os humanos como se humanos fossem. E são humanos, porque a ficção desaparece e se revela palpável. Cada personagem abandona sua maca e sai andando. Outras existem de verdade, são alterego do autor, autobiografia, ou, biografia de outrem, as três coisas juntas ou nenhuma delas.

 



[1]Cabeça de Cuia.Folclore do Piauí. Canção atribuída a Bentinho.

 

 

http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg

 

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