FESTA A MANAUS!
Ana Zélia
DEUS BACO, façamos festa.
A Virgem Morena não é mais donzela.
Cavaram-na por cima, por baixo; são elevados, passagens de níveis, viadutos, passarelas. Tudo a céu aberto.
O “PORTO DE LENHA” é vítima do progresso.
Fecharam as carvoarias, serrarias, cortaram as árvores que circundavam a cidade.
Mas, hoje é dia de festa, 150 anos de cidade e 329 de história e desafias o tempo e o silêncio
e rejuvenesces sempre em tuas dores e martírios.
Façamos um brinde. Champagne francesa a “Mademoiselle”.
Não haverá espetáculo na Casa das Artes, no coreto da praça, nem arraial nos bairros.
Os atores mudaram de palco. Estão no Sambódromo, onde o Boi e os trios elétricos,
estranhos à magia da floresta, dão o recado.
Somos caboclos afrancesados, aportuguesados e até americanizados, cruzados om o índio nativo da terra.
Adoramos a festa de classe, com roupas novas, bonitas, muito brilho, a capricho.
Ou o arraial, com direito a Carrossel, roda-gigante, onde do alto assistimos o espetáculo.
ALEGRIA! ALEGRIA!
MANAUS JÁ NÃO É MAIS
“ PORTO DE LENHA”.
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A MANAUS nos seus 150 anos de cidade e 329 anos de histótia.
24 de outubro de 1998.
Poema escrito em 19.10.1998.
Nota da autora- Sou e continuo sendo apaixonada por minha cidade, misteriosa,
agora repleta de donos,
pessoas oriundas de outras plagas aqui são recebidos de braços abertos e passam
a se acharem donos da cidade. Alguns acham que são até manauaras.
Na minha infância era um dia de festa, nas escolas era dia de poesia,
alegria, todas as meninas com laçinhos na cabeça,
nos corretos da praça da polícia
os militares tocavam e a população rodeava a praça.
Hoje, os festejos são com o Boi Bumbá,
cantores de outros planetas, fazem daqui uma cidade estranha.
Quanta saudade da beleza de minha infância.
Manaus, 26 de maio de 2009. Ana Zélia
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