Lucilia era uma menina orfã e gostava muito de ficar na casa de um pintor chamado Lantis!
Ele era um pintor de quadros magnificos e só pintava animais. Suas pinturas eram täo perfeitas que pareciam vivas.
Esta menina gostava de vë-lo pintar e ficava sentada em uma cadeira olhando, curiosa... Até dizer, com certeza, que bicho ele estava fazendo.
Ele olhou para a menina e disse, bem baixinho:
— Esse vai ser meu último quadro... vai ser o melhor de todos!
Os olhos da menina ficaram arregalados:
— Como? — disse ela — O Senhor näo pode me abandonar... Seus desenhos säo os melhores do mundo!
— Näo há outro jeito... preciso partir.
E, pela primeira vez, ele näo a deixou ver qual o desenho que estava fazendo. Cobriu o quadro, chegou perto dela e disse:
— Amanhä vocë virá aqui e pegará o quadro, porque vou fazë-lo para vocë! Mas vocë näo me encontrara aqui...
Deu-lhe um grande abraço e ela foi embora chorando.
No dia seguinte, alguns padres entraram na casa daquele senhor...
Revistaram tudo mas näo acharam sinal daquele velho. Apenas o quadro, coberto por um pano, endereçado àquela menina.
— Aquele bruxo de nome Lantis sumiu, e ainda caçoou da gente fazendo sua última obra de arte! Queime essa droga!
A menina chegou e correu para o quadro:
— Näo, padre, por favor! Ele deu esse quadro para mim!
— Entäo leve-o daqui antes que eu lhe dê umas palmadas!
Fazendo exatamente o que o padre havia lhe pedido, ela saiu correndo daquele lugar levando consigo o quadro que era täo misterioso.
No meio do caminho, com a curiosidade tomando conta de sua vontade,
ela começou a rasgar o papel que embrulhava o quadro... era uma águia!
Uma linda, perfeita e brilhante águia... os olhos do pássaro brilhavam de tal maneira que assustou a menina, deixando o quadro cair no chäo...
Aos poucos, a águia ia saindo como se fosse de um ovo para o nascimento.
— Lantis? Lantis, é você? — perguntava, em prantos, a garota...
— Sim! — respondeu-lhe a águia — Estas serão minhas últimas palavras, Lucilia... Eu te amo! E nunca me esquecerei de você!