"Em alguns quesitos, elas superam os homens. Despreocupadas em escrever obras-primas do arrojo técnico, não têm medo de escarafunchar seu baú de angústias, desejos e angústias."
[Marcelo Pen, Folha, sobre a literatura brasileira recente escrita por mulheres, em resenha de "Um Deus Dentro Dele, Um Diabo Dentor de Mim", de Nilza Rezende]
"Ele foi virando cão ou ela foi gostando de ser cadela."
[Nilza Rezende em "Um Deus Dentro Dele, Um Diabo Dentro de Mim", citada por Marcelo Pen]
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Álvaro Pereira Junior, ao resenhar uma tradução, fala de "uma anomalia lingüística, o português-traduzido-do-inglês".
A Folha, sem mencionar o tradutor em questão, colocou um dia destes na boca do secretário de defesa americano, Rumsfeld, a expressão:
"Estas palavras vêm fácil."
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E esta é do Macaco Simão:
"Diz que o Colin Powell foi à ONU e exibiu as provas decisivas das armas químicas: 2 CDs da Britney Spears, 3 da Wanessa Camargo, 4 do KLB e um porta-retratos com a foto do Michael Jackson. Destruição em massa! Pronto!"
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E, por falar em "smoking gun" [revólver fumegante], o Mingão inseriu no quadro os dizeres de um adesivo que estaria sendo exibido por muitos veículos nos EUA:
"KICK THEIR ASS, TAKE THEIR GAS".
Quando a "função poética" supera as outras funções da linguagem [Jakobson], a tradução se torna muito difícil, se não impossível. Parece ser esse o caso. Eu bem que tentei, fui obrigado a abrir mão das minhas pretensões.
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"É bom dizer que guerra limpa não existe, mas, em um mundo transformado em faroeste, até gente boa está aceitando que uma decisão em bloco da ONU funciona como um, digamos detergente para o horror que a guerra sempre é."
[Clóvis Rossi, Folha, 06/02/2003]
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Tony Blair oferece um plágio de tese acadêmica como prova cabal contra o Iraque e não chega a verdadeiramente comover a opinião pública mundial. Sintomático! Parece que, em relação ao amigo do Fernando e da Ruth, ninguém se espanta mais com nada.
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"Eu não sou jornalista. Se todos os diplomatas se espelhassem em jornalistas, haveria uma guerra nuclear todos os dias."
[Tony Benn, 78, ex-deputado e ex-ministro britânico, depois de ter estado em Bagdá entrevistando Saddam Hussein]
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"As comunidades católicas, ainda ébrias do Concílio Vaticano II, imaginavam sacudir seu próprio jugo, configurado numa Igreja tão oligárquica quanto verticalizada, do padre ao bispo e ao papa. Sua dádiva ao caldeirão ideológico do PT então nascente foi a crença cega numa sabedoria natural do povo simples, mas organizado numa rede de células livres."
[Otavio Frias Filho, em "Breve História do PT", Folha, em 06/02/2003]
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"José Genoíno, presidente do PT, ensina que o governo Lula é o grande projeto do partido . Só falta combinar com os adversários, e eles estão nas esquerdas e no PT. É aí que o bicho pega."
[Eliane Castanhêde, Folha, 06/02/2003]
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"Ora, quem não tem um conhecido que vocifera sua opinião antes de saber qual é o tema da conversa? Podemos generosamente reconhecer que o tal conhecido é frágil a ponto de gritar para convencer-se de que ele existe. Mas dificilmente admitimos que esse conhecido é nossa caricatura. Opinar sem escutar nem os interlocutores nem a complexidade do mundo é esporte de massa. Narcisistas, cronicamente dependentes do olhar dos outros, somos todos frágeis. E escondemos nossa fragilidade atrás de convicções cortantes. Somos as vítimas perfeitas das sondagens de opinião: você é contra ou a favor? A resposta seria, quase sempre, Não sei ."
[Contardo Calligaris, Folha, 06/02/2003]
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"São Paulo já não tem como oferecer mais a guarida esperada por esses cidadãos [...]", opinava um leitor da Folha, na edição de hoje, 10/02/2003, sobre a desastrosa declaração do ministro José Graziano, que unia a forte migração de nordestinos à violência que impera em São Paulo, capital. Ao ler "guarida", não tive como não pensar no marco inicial do FOME ZERO:
"São Paulo já não tem como oferecer mais a Guaribas esperada por esses cidadãos [...]", resultando numa frase interessante. E quem nasce em Guaribas, é o quê? Hoje alguém falava em "esquálidos guaribenhos".
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"Depois, é forçoso reconhecer que o meteorologista quase não aparece aos olhos do público, tanto assim que seus equívocos recebem um comentário do gênero "eles mais erram do que acertam". Depois, é forçoso reconhecer que o meteorologista invade um campo particularmente sensível. De fato, que pode ele fazer se a mão de Deus decide, em uma fração de segundo (ou nem isso), jogar no oceano Atlântico uma frente fria que avançava inexoravelmente sobre nossas cabeças?"
[Boris Fausto, Folha, 10/02/2003]
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"Aqui no Rio, mesmo com temperatura um pouco menor, somos obrigados a ir à luta, enfrentar o trânsito, os elevadores cheios de gente suada, rostos esbaforidos, mulheres gordas se derretendo. No inferno, ficaremos livres de vicissitudes tais. Nosso compromisso único, durante toda a eternidade, é ficar numa caldeira fervente, e já me disseram que a companhia é mais divertida do que a do paraíso."
[Carlos Heitor Cony, em "O inferno é melhor", Folha, 10/02/2003]
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Bom saber que "Cinema Falado", cult-movie de Caetano Veloso, espinafrado por tantos quantos, está sendo remasterizado para lançamento em DVD.
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Nas bancas, em DVD, um clássico do filme documentário: KOYAANISKATSI, de Godfrey Reggio, com produção do próprio diretor e de Francis Ford Coppola. Na língua dos índios Hopi, a palavra-título significa "vida fora de equilíbrio" ou "vida louca". Foi eleito pelo júri popular como melhor filme da oitava Mostra de Cinema de São Paulo e indicado para a seleção oficial do Festival de Berlim. Tendo levado 7 anos para ser filmado, o filme é de 1983, tendo se tornado um marco cinematográfico do pensamento ecológico, com reflexos visíveis das reflexões de Guy Debord à frente do movimento situacionista. São 87 minutos de imagens captados pelo mundo todo, ao som da música minimalista de Philip Glas. Depois dele, viriam POWAKATSI e um terceiro filme que ainda não chegou aos cinemas.
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