Uma das mensagens que mais recebemos em nossos correios eletrônicos é a famosa piada, nossos amigos e até desconhecidos formam uma corrente poderosa que divulgam as piadas como redentoras dos nossos humores, elas são pintadas como se fossem as salvadoras do nosso dia, as aliviadoras do nosso stress.
Eu sempre gostei muito de piada e me divirto muito com elas, só que as piadas que me agradam não são aquelas escancaradas, prefiro as que me fazem pensar, que são sutis e que não são preconceituosas,mas gosto do nonsense que é a ausência da razão, isso sim relaxa, dá para parar de pensar um pouco.
Acho o humor brasileiro muito discutível nos dias de hoje, acho as piadas dos brasileiros preconceituosas e cheias de auto-afirmação, extremamente machistas e nada engraçadas.
Todas as rodas que freqüentei e por onde passei tenho observado que as pessoas adoram dar um apelido uma as outras e quase sempre esse apelido exalta algum defeito de alguém, as pessoas se divertem com isso, zombar com o defeito dos outros, acho isso muito questionável, mas não estou apontando meu dedos, só constatando.
As piadas brasileiras falam dos portugueses em tom de zombaria, em tom de sarro, os portugueses são os nossos bobos da corte e rimos deles...e eu acho isso tão lamentável de uma superficialidade tão grande, basta ver o tamanho de Portugal e a sua importância na historia mundial, o desenvolvimento social e cultural que eles tem e olhamos para o nosso próprio umbigo e vermos o caos que é esse pais onde vivemos, afinal quem tem que rir de quem? Quem é burro?
Os negros, nordestinos são motivos de piada nesse país, eu não conheci nem vivi, mas tive contato com o humor do Henfil que era inteligente e nem um pouco preconceituoso, aliás o Brasil tem e já teve grandes humoristas, Chico Anysio, Jô Soares, Mazaropi, os cartunistas que tem uma linguagem maravilhosa e tantos outros.
Gosto do humor da Charles Chaplin e seus personagens maravilhosos, o gordo e o magro, os três patetas e hoje temos programas humorísticos como “Zorra total”, a “A praça é nossa” e “Casseta e Planeta” que eu não simpatizo justamente por reforçar esses estereótipos burros que tem caracterizado o nosso humor e que poderia render piadas muito melhores.