A arte da arte é manipular nossos sentimentos e nossos sentidos, seja literatura, teatro, pintura, musica ou cinema nossos instintos são habilmente manuseados pelo artista que cria algo para os nossos olhos e ouvidos.
No caso do cinema a ficção toma forma através das imagens, da interpretação dos artistas e da narrativa empreendida pelo cineasta, as imagens e a historia vão nos envolvendo e quando vamos ver já estamos nos sentindo dentro do filme.
E para falar sobre um filme é preciso falar sobre o seu diretor que de certa maneira imprime um pouco de si na película, Anthony Minghella, já ganhou um Oscar como diretor pelo filme”O paciente Inglês” que gostei muito na época e que falava de uma história de guerra que tinha a ótima Juliete Binoche no papel de uma enfermeira que cuidava de um homem extremamente ferido numa casa abandonada no interior da Itália durante a segunda guerra mundial e fez ainda “O talentoso Ripley” um belo filme que pra mim foi o melhor de Matt Damon como protagonista.
Dito isso Could Montaim é um bom filme, impecável na parte técnica e com uma bela fotografia( o filme se passa nos EUA mas foi todo filmado na Transilvânia Romênia, acredita?), recheado com canções que eu gosto, canções country antigas que não sei porque me contagiam(uma das poucas coisas da cultura americana que não me soa comercial), tem um belo roteiro onde a parte de Jude Law é baseada na “Odisséia” de Homero( um dos motivos que me motivaram a ver o filme, sem falar na Nicole é claro) e tem Renée Zellwegger muito bem como coadjuvante mesmo com um sotaque forçado e cheia de caretas que elas faz bem.
Mas infelizmente para por aí, eu tinha grandes esperanças de ver um filme maravilhoso que enchesse meus olhos não só com imagens mas que me emocionasse profundamente e o filme tinha tudo para isso, mas não conseguiu.
Nicole é Ada e é linda, lindíssima, estonteante, mas só a beleza não basta, aliás a beleza em excesso até atrapalha em alguns casos, como no de Charlize Therom(mas isso é outro assunto e outro filme, “monster”), é preciso ter interpretação, vestir a camisa de um personagem, dar realismo a ele e Nicole está bonita demais para o papel, sempre penteada e linda para uma mulher que está sofrendo por causa de alguém.
Jude Law é Inman e é um grande ator, gostei da interpretação dele, o personagem era assim tímido mesmo, de poucas palavras e ele o fez muito bem, mas os dois como par romântico não funcionam, a cena do reencontro é fria demais como o nome do filme faz alusão a montanha, não provoca nada na gente, o filme é tão frio quanto a montanha.
Algumas cenas ainda assim valeram a pena como a de Natalie Portman que convida um homem estranho(Jude Law) para deitar ao lado dela e matar um pouco a sua solidão, pede para ele apenas deitar ao seu lado e não fazer nada com ela, há poesia na cena.
E Renée quando encontra seu pai, foi um dos poucos momentos que as lágrimas chegaram perto.
