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Cronicas-->PRESOS A UM LUGAR E A UM TEMPO -- 07/03/2007 - 19:17 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PRESOS A UM LUGAR E A UM TEMPO

João Ferreira
07 de março de 2007


Para começar, diria aos meus queridos leitores, que curto muito os livros e a linha de pensar e de sentir do pensador e filósofo francês Gaston Bachelard. Especialmente aqueles livros que falam da poética do espaço e da poética do devaneio. Esses livros, já famosos, encontram-se traduzidos em português do Brasil. Bachelard, através desses livros, tem como objetivo levar as pessoas a descobrir a leveza das coisas. A descobrir e a perceber a sutil vida ou o sutil espaço ou o sutil tempo que caracteriza e dá perfil às coisas. É a sublime tarefa de nos mostrar de que existe, para além da materialidade das coisas, uma poética da vida. Uma poética que além da poesia encantatória da observação e da poesia marcante da presença humana, vê a si associada também uma poética interior de "bem estar" e da arte de "saber estar" na vida. Uma poética criativa que não se alheia a nada, uma poética que tudo insere, para onde tudo converge, transformando-se numa verdadeira operadora do espírito, onde tudo confraterniza e obedece a um plano de conjunto da criação. São belas estas idéias de Gaston Bachelard e, no fundo, elas contribuem para que vejamos a alma das coisas, a racionalidade da relação das coisas entre si, e mais do que isso, a beleza fraternal e a vida que anima e possui as próprias coisas.
Passando das coisas para a comunidade humana, poderemos facilmente entender como normalmente as pessoas complicam uma relação que na origem já lhes aparece facilitada. Estar preso a um lugar e a um tempo, para um ser humano, não significa que ele deva ficar amarrado, de cabeça fechada e circunscrito como escravo a este seu espaço e a este seu tempo. A humanidade, em sua corrida para a instrução e para a visão de mundo que lhe cria a possível dinamização da vida, tem meios para abrir a mente e se alertar sobre as condições escravas da existência que menos interessam aos humanos. A corrida torna-se mais bonita quando dela participam com alegria e interesse as crianças, os jovens, as mulheres, os idosos e o próprio homem tocado pela sutil liberdade interior. Não será apenas bonita, mas tremendamente eficaz esta corrida, quando seus participantes lançarem mão da utopia, da fantasia, do sonho e da esclarecida liberdade interior. Pela utopia, o homem se desamarra de tempos e lugares. E vai. Caminha. Segue a mente. Vê longe. Muito longe. E é lá que constrói seus castelos, em Pasárgada, em Shangri-lá, na Cidade do Sol, na Nova Jerusalém, ou em outros lugares. Lugares seus. Lugares da alma, incorruptíveis. Castelos individuais onde só ele ou ela, o homem ou a mulher, chegam porque são seus. Intangíveis, dourados, consistentes de alma, sempre em movimento, como se fosse intermináveis quermesses de belas bugigangas, que atraem a atenção, e deleitam o coração, tonificam a vida, dão cor, e oferecem a real sensação de mundos interiores que ajudam a vencer a solidão, a insatisfação, a carência, que estão aí para dar fólego para tudo, para a amizade e para o amor, para a valorização da vida, e também para as pequenas coisas quotidianas, onde as pessoas se esfalfam no dia a dia para conseguir muito pouco.
Se as pessoas começarem por descobrir este àngulo
que se constrói acima do cimento e das pedras que se pisam no chão, terão descoberto uma bela dimensão de vida. O que seria melhor ainda era se descobrissem em si mesmos esta força e a utilizassem como ajuda interior, na alegria da vida, que passa por todos, sem muitos a entenderem. Não é preciso recorrer a fanatismos ideológicos de nenhuma natureza. Sejam eles políticos, sejam religiosos. Descobrir nas coisas, ao natural, o dedo de Deus, a linguagem que as coisas têm para dar em sua luz, em sua existência.
Sei que as pessoas podem ser mais felizes. Porque todos podem sair da indiferença e da escravidão. Sublime seria as pessoas se tornarem mais livres. Mais felizes. Numa relação pessoal,num beijo, numa troca de olhares, numa sala, numa rua, numa entrada de livaria, num estacionamento, num passeio!
O mundo está ainda em aberto. A disposição das pessoas poderá descobrir mundos possíveis de bem-estar e de realização. Quando conseguirem num tempo e num lugar, transportar suas sensações, seus pensamentos, ou sua maneira de ver o mundo,mais para cima, para mais além, sem ficarem presos a lugares e a tempos. Mesmo que os lugares e os tempos lhes tragam também boas lembranças. O segredo está na leveza e na surpresa com que você vê, analisa e dinamiza seu modo de ser, seu modo de estar na vida e seu modo de encarar a existência.

João Ferreira
7 de março de 2007

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