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Humor-->Pinduca, o pivete (a saga de Jack, cap. 6) -- 10/09/2001 - 08:07 (Flavio Costa Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pinduca nasceu em uma das tantas favelas que existem nas grandes cidades hoje em dia, a cidade ou favela exata do nascimento não importam para ele, sua vida se resumiu desde o princípio a lutar pela sobrevivência. Não conheceu o pai, é provável que mesmo sua mãe não soubesse quem era, afinal apesar de apenas 25 anos, tinha oito filhos, cada um de homens diferentes.

Durante sua infância com a mãe, curta diga-se de passagem, conheceu vários padrastos, cada um pior que o outro, e sua mãe pouco se importava com ele ou qualquer outro irmão. Cansado de sofrer espancamentos e abusos dentro de sua própria casa, se é que podia-se chamar aquele cubículo onde se amontoavam mais de dez pessoas de casa, Pinduca resolveu fugir, afinal vivia na rua mesmo, sempre pedindo esmola e tendo que entregar todo o dinheiro para a mãe e o padrasto, dinheiro este gasto sempre em cachaça.

No início da nova vida, Pinduca que tinha somente sete anos, passou a fazer parte de uma gangue que pedia esmola e vendia chiclete nos sinais das grandes avenidas. Os espancamentos diminuiram, mas os abusos não, os maiores sempre se aproveitavam dos menores, dizendo sempre que quando eles crescessem passariam para o outro lado, em troca estes davam proteção a eles.

O tempo passou e Pinduca cresceu, e descobriu que quanto maior ficava menos dinheiro ganhava, pois as pessoas costumam sentir pena das crianças pequenas, mas quando as mesmas se tornam maiores este sentimento diminue. Talvez estas pessoas, alheias ao mundo que as rodeiam, não parem para pensar que ao darem esmola por um determinado período farão com que estas crianças não saibam desenvolver outro tipo de trabalho.

Cansado de ver as pessoas fecharem o vidro do carro na sua cara, e ainda por cima aquele eterno olhar de desprezo, como se ele fosse um verme, Pinduca resolveu mudar de atividade. Nesta época já tinha doze anos, apesar do corpo miúdo de anos de desnutrição, iniciara uma carreira de pequenos furtos, foi quando passou a Ter contato com dorgas, inicialmente cheirava cola, depois cocaína.

Pinduca não tinha dinheiro para comprar a droga, mas esta era dada por um aliciador de menores, que após vicia-los, usava estas crianças para traficar a droga. Anos e anos de maus tratos, nunca tinha recebido carinho de ninguém, e agora cheio de cocaína em suas veias, Pinduca passou a odiar o mundo. Além do tráfico de drogas, passou a realizar assaltos a mão armada.

Como fatalmente aconteceria, um dia durante o assalto, o homem reagiu e Pinduca atirou matando-o . A partir deste momento, ele descobriu o modo de devolver todas as agressões que recebera, o gosto do sangue derramado fora como um bálsamo para todas as suas feridas. Pinduca não contentava-se mais em somente roubar e usar drogas, matar para ele passara a ser uma necessidade. Seus colegas notaram a diferença que ocorrera em Pinduca, e passaram não somente a respeitá-lo como a temê-lo.

O tempo passou e Pinduca passou a se tornar famoso, e procurado incansavelmente pela polícia. Sua fama de matador se alastrara, e a sociedade exigia providências. Pinduca teve que sumir por um tempo até que as pessoas tivessem esquecido dele. Em seu retiro, Pinduca tivera uma forte gripe, que acabara por tornar-se uma pneumonia, tendo inclusive que baixar hospital.

No hospital fora reconhecido por uma de suas vítimas, que conseguira sair vivo do encontro, mas naquele estado de fraqueza não conseguiu fugir. Após ser liberado do hospital, Pinduca recebeu uma passagem grátis direto para a penitenciária, pois nesta época já tinha mais de dezoito anos. Espancamentos e abusos voltaram a ser rotina na vida de Pinduca, que só pensava em escapar.

Depois de algum tempo Pinduca percebeu que sua força e agilidade estavam sumindo, que adoecia facilmente sem motivo aparente. Após tantos anos de abusos sem nenhuma prevenção, Pinduca contraíra AIDS, e sua vida começava a escorrer de suas mãos. Em uma rebelião na penitenciária, Pinduca conseguiu fugir, mas estava fraco demais para continuar sua carreira de crimes.

Fome e frio aliados a doença, transformaram Pinduca em um farrapo humano. Naquela noite de inverno, o frio, a fome e a chuva implacável castigavam Pinduca de maneira insuportável. Este não tinha mais forças nem para se movimentar. Foi quando sentiu a presença de uma pessoa caminhando em sua direção, passou a mão suavemente na cabeça de Pinduca, que no mesmo instante sentiu a fome e o frio passar, sentiu a antiga força pulsando novamente nele. Levantou-se agradeceu ao estranho, que se apresentara como Jack e viera ajudá-lo.

Sairam os dois caminhando, Pinduca achava aquilo estranho, pois não sentia mais fome nem frio, a poucos minutos não podia nem levantar-se e agora estava caminhando sem nenhum esforço, ao olhar para trás viu seu corpo estentido na calçada, foi quando entendeu o que acontecera.

· * * * * * * *

Pinduca apreensivo perguntara a Jack como era o inferno, pois sabia que depois de tudo que fizera seu castigo seria enorme, porém Jack tranquilizou-o, dizendo que suas instruções eram para levá-lo para o céu, pois depois de tudo que ele passara na Terra, ele merecia agora um pouco de carinho e respeito. Pinduca sorriu, pensando que pela primeira vez estava sendo levado para um lugar onde não seria violentado, nem passaria fome e frio.

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