Carta 3 (*)
Minha namorada eterna:
Como está? muito calor e trabalho? os pés melhoraram? (Além desse incómodo, havia se queixado de sapato não muito confortável que muchucava um pouco.) Lembre-se de tomar um diurético, comer pouco sal e beber bastante líquido, principalmente, água. Melancia é fruta muito boa para isso.
Levantei-me à s seis horas. Saí para abastecer os carros, porque o combustível subirá na próxima semana. (Nessa época, a inflação era galopante, infelizmente!)
Por precaução, revi o meu sistema de alarme, que estava meio intermitente.
Hoje começo a usar vaga na garagem. A identificação é: "A", fica do lado direito de quem sai; é ótima. Tomara que o Sr. Saraiva não compre outro carro e deixe eu ficar utilizando-a durante os seis meses aos quais (por sorteio e acordo com ele) tenho direito.
A Juliana telefona insistentemente para a Chris, que não consegue devencilhar com muita natualidade. O certo é que não me parace estar superinteressada; noto alguma indiferença. Ela, nesses momentos, fala:
-- Pai, não estou "a fim", o que dizer?
Procuro ser razoáavel e sugerir que diga o que realmente sentir (sem afetar a colega, é lógico).
Envio uns recortes (só para observar que os preços dos bens não são aqueles em que a gente pensa) e anexo, também, essa revista, que traz o artigo: "O difícil casamento entre famílias".
O dia, chuvoso e monótono, não inspira deixar a casa, a não ser para cumprir alguns compromissos, tais como: comprar tênis para a Lylli, adquirir livros da Chris (que ainda faltam) e ir aos Correios postar correspondência.
As crianças, saudosas, mandam beijos e reforçam o sentimento de amor.
Com saudade e ternura, vou ficando por aqui à sua espera.
Carinhosamente,
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(*) (*) Brasília, DF, 1º/02/1992.
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