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Artigos-->RESÍDUOS SÓLIDOS. TENDÊNCIAS. -- 12/02/2003 - 00:10 (Osvaldo de Oliveira Aleixo Rodrigues, M.Sc.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
RESÍDUOS SÓLIDOS. RECICLAGEM E/OU REDUÇÃO NA FONTE. TENDÊNCIAS.



Osvaldo de Oliveira Aleixo Rodrigues, M.Sc.

Engenheiro Eletricista PUC MG.Mestre em Saneamento, Recursos Hídricos e Meio Ambiente - UFMG. Pós-graduado em Engenharia Econômica, Fundação Dom Cabral. MBA-Executivo em Finanças Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais/IBMEC Business School.



Endereço: Rua Tome de Souza, 860, sala 906, Savassi – Belo Horizonte – MG – Brasil. CEP: 30240-131 – Brasil – Tel/Fax. : + 55 31 3281.1818 – e_mail: oaleixo@hotmail.com / osvaldo@petroclean.oom.br



RESUMO

Apresenta-se nesta abordagem, uma síntese de discussões sobre os aspectos mais importantes e as tendências da geração e minimização dos resíduos sólidos. As discussões foram direcionadas para as questões fundamentais, consistindo de mudanças e introdução de novos conceitos e enfoques (aprimoramentos na legislação, introdução de tecnologias limpas, educação, melhorias nos níveis da gestão executiva e a criação de incentivos).

Preocupados com o fato de que dada a presente condição social e ambiental, a sociedade do desperdício não pode ser mantida indefinidamente, um forte esforço deve ser direcionado para a redução dos resíduos na fonte, considerando que as tradicionais tecnologias (reciclagem, incineração e aterros sanitários), na grande maioria de casos, não tem solucionado satisfatoriamente a questão.



ABSTRATC. This approach presents a synthesis of the discussions about relevant aspects and trends in generation and minimization of the solid wastes. These discussions were focused on the underlying issues consisting of new concepts and focus (improvements on regulatory process, clean technologies introduction, education, and better executive ma-nagement and encouraging). Concerning that given the present social and environmental conditions, the flow-through throwaway society cannot be maintained any longer and strong effort must be addressed to the reduction in source of the generation of wastes, regarding that the traditional technologies (recycling, incineration and landfill), in majority of the situations, have not been solving totally this question.



PALAVRAS - CHAVE:

Resíduos. Minimização de Resíduos. Reciclagem. Redução de Resíduos na Fonte.





1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, abordagens e discussões acerca da geração de resíduos vem sendo conduzidas como se a quantidade gerada pudesse ser tratada/minimizada somente pelo uso dos processos clássicos (reciclagem, incineração e aterro sanitário).

Considerando-se as atuais condições sociais e ambientais, a cultura do descarte indiscriminado não se manterá indefinidamente. Portanto, torna-se necessário um enorme esforço direcionado e voltado para a redução de resíduos na fonte geradora, já que as tecnologias clássicas mencionadas acima, por si só, não têm se constituído na maioria dos casos, em solução plena para a questão desses resíduos ao longo dos anos (por exemplo: Campinas – São Paulo e Alemanha, tem enfrentado atualmente, enorme dificuldade para encontrar áreas para dispor seus resíduos, criando-se a necessidade de exportar esses resíduos).

Esse esforço consistirá, dentre outras medidas: de mudanças na compreensão e elevação dos níveis de consciência política e social, criação de instrumentos para o incentivo e o estímulo objetivando a evolução das atividades afetas à minimização dos resíduos, implementação de tecnologias limpas, co-processamento objetivando o aproveitamento dos resíduos como matéria prima e fonte de energia, aprimoramentos e complementações na legislação e fiscalização ambiental, implementação de melhorias em metodologias de controle e níveis de recursos aplicados à gestão ambiental.

O tempo necessário para uma intervenção neste processo é demasiadamente longo e costumeiramente observa-se, de um lado, uma falta de prioridade política, e de outro, um certo grau de desinteresse da sociedade para a alocação e concentração de esforços em benefício da melhoria da qualidade ambiental em geral. Isto significa que, em se mantendo essa situação, deve-se estar preparado para produzir e/ou consumir, num futuro próximo, sobretudo para alguns países intitulados como “desenvolvidos”, somente até o limite da existência de um certo domínio sobre as capacidades de tratamento e disposição dos resíduos. Tais capacidades se constituem em um novo fator limitador da atividade econômica, tornando a gestão profissional eficaz, relevante e representativa da maior possibilidade de economia na questão dos resíduos.

Ainda que, em países onde toda a legislação tenha sido preparada e implementada como originalmente planejada, o impacto em termos de redução em quantitativos de resíduos não se fez sentir, por si só (reciclagem de materiais impressos, resíduos de construção, embalagens reutilizáveis, peças de equipamentos eletrônicos e veículos, redução e processos para se evitar a geração de resíduos na produção, impostos sobre lançamentos de resíduos ou a inserção de instrumentos econômicos diversos, entre outras). A tendência de agravamento da questão se constitui, portanto, em um fato concreto.



2. RESÍDUOS NA ALEMANHA

Na Alemanha, hoje, questiona-se a eficácia de se usar somente a combinação dos processos clássicos existentes como solução para a questão do acúmulo crescente dos resíduos sólidos. Por um lado, constata-se a necessidade da busca de novas soluções para os impactos adversos à saúde e ao meio ambiente, oriundos da geração desses resíduos, e por outro, verifica-se, por exemplo, que as regulamentações de providências recomendáveis para embalagens, objetivando propiciar, além de condições adequadas de transporte, a sua reutilização, tem apresentado respostas positivas.

No ano de 1992, a contribuição da produção total de bens representou 0,4% de 1% na evolução do PIB da Alemanha. Desta produção de bens, 56% são bens de consumo, significando a importância dos resíduos. Caso esta evolução do PIB continue, continuará também a geração de resíduos e não havendo sua exportação em montantes expressivos, a República Federal da Alemanha se transformará em um grande depósito. Novas instalações para a disposição destes resíduos serão fortemente adicionadas ao grande número já existente e a distribuição de materiais e substâncias oriundas do consumo, a corrosão, a abrasão e as emissões de poluentes crescerão. A República Federal da Alemanha se submergirá aos materiais (Werner Schenkel).

Será essencial para os futuros empreendimentos econômicos e questão de sobrevivência para a Alemanha, enquanto uma Nação industrial, que seja encontrada uma resposta para a questão “o que fazer com os produtos após o uso?” Naquele país, os produtos por si só são problemas ambientais.

A questão é como fazer a pasta dental voltar para o tubo? (Werner Schenkel. 1992).

Será realmente esta a questão? Talvez fosse produtivo e eficaz introduzir-se mudanças em alguns parâmetros de produção, consumo, renda, preços, custos, impostos sobre a produção bruta, sobre o consumo, sobre volumes e classes de resíduos gerados, bem como, criar adicionalmente políticas, incentivos e estímulos para a comercialização e implementação de tecnologias limpas e o desenvolvimento de empresas voltadas para a reciclagem, reaproveitamento de resíduos como matérias primas, recuperação de energia e redução de resíduos na fonte, despertando o interesse da iniciativa privada.

“O diferencial entre o atual e o possível desempenho deve ser superado por uma abordagem direcionada para a integração da Legislação, do nível de gestão executiva e da aplicação de tecnologia para projetar as instalações de produção. Tecnologia existe, sendo o maior desafio identificá-la e implementá-la apropriadamente”. Nesta abordagem o autor (H. Denis Spriggs. 1994. Integration: The key to Pollution Prevention) percebe como mérito em eficácia a redução de resíduos na fonte geradora.



3. RESÍDUOS EM SÃO PAULO

Em relatório elaborado pela CETESB - SP, segundo publicado em artigo da revista “Saneamento Ambiental”, (Editorial por Francisco Alves - julho/agosto de 1999), sobre geração, tratamento, estocagem, disposição e destinação final de resíduos sólidos industriais, mostram-se dados preocupantes na cidade de São Paulo: anualmente se estocam nas indústrias nada menos do que 164 mil toneladas de resíduos de Classe I (perigosos), acondicionadas em tambores, a granel, em caçambas, tanques, lagoas e outros sistemas. Isto corresponde a aproximadamente 33% do que é gerado anualmente, o que sinaliza a existência de um grande passivo acumulado nas empresas, à espera de solução. Também preocupa o fato de não se saber, com exatidão, se esta estocagem está sendo feita de maneira segura ou até que ponto ela representa um risco para o meio ambiente.



4. RESÍDUOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE

Dados obtidos em relatórios do "Estudo sobre o Controle da Poluição Industrial nas Bacias dos ribeirões Arrudas e Onça", realizado em 1996, indicam que há realmente um acúmulo contínuo de resíduos nas indústrias aguardando uma solução para o tratamento e a disposição final. Nas bacias citadas são geradas anualmente cerca de 500 mil toneladas, sendo que, deste total, a maior contribuição se origina da indústria metalúrgica (50%), seguindo-se a da indústria de produtos alimentícios, produtos minerais não metálicos, bebidas, química, papel, papelão e celulose, farmacêutica, mecânica, borracha, material de transporte, plásticos, vestuário, elétrico, eletrônico e comunicação, dentre outras.



5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Dentre as questões relevantes a serem discutidas, em busca de uma nova direção, destacam-se:

· a solução atual de coleta destes resíduos ou o seu empilhamento formando montanhas, não poderá ser mantida sob pena de se tornar previsível um estado de emergência, no curto prazo;

· a discussão hoje travada sobre o tema considera que a montanha de resíduos está acontecendo como se fosse uma questão de escolha em querer ou não, e na verdade, se terá esta montanha hoje e no futuro;

· a identificação e a caracterização dos mecanismos de produção projetados para incrementar o fluxo de produção, acelerando a depreciação dos produtos e as mudanças de modelos, e, a insuficiência de peças sobressalentes seriam áreas para ser focadas em primeiro plano;

· a responsabilidade individual pela decisão quanto ao que produzir e consumir, ou ainda, pela decisão de eliminação de certos produtos não-reutilizáveis e promoção do uso de produtos reutilizáveis, compreendendo-se quais as vantagens apresentam em termos de mecanismos de mercado ou vantagens para o consumidor;

· a restrição ou a redução no uso de matérias-primas parece ser uma solução somente em casos excepcionais. No passado, o uso desta estratégia conduziu o mercado a fabricar produtos menores com maior sofisticação qualitativa. Isto resultou em projetos interessantes, alguns apresentando propriedades excelentes na sua aplicação além do baixo nível de poluentes. Entretanto, a desvantagem destes produtos tem sido o fato de os materiais utilizados em sua fabricação serem de difícil recuperação;

· a alteração da política de durabilidade dos produtos parece de fato necessária, todavia, esta hipótese terá sucesso somente se houver uma integração e interação harmoniosa entre designer’s de produtos, distribuidores e prestadores de serviços de reciclagem e disposição final de resíduos, de modo a tornar claro para os produtores que este novo recurso de otimização produzirá bons resultados em seu negócio;

· a aceitação do retorno de produtos e peças usadas, pelos distribuidores e produtores, é a chave para assegurar que equipamentos, máquinas e peças com poucos componentes sejam obtidos para a reciclagem em estágios subseqüentes após o uso, contribuindo favoravelmente para uma situação em que gerenciar resíduos é difícil e o retorno do produto usado se torna interessante;

· a reciclagem, em geral, apresenta estreitos limites (cerca de 25 a 35%), isto não significando que há casos de melhores índices, acima de 60%, como é o caso da compostagem de resíduos domiciliares;

· a limitação do uso da reciclagem em função de alto consumo de energia, riscos de poluição, queda de qualidade a cada estágio de reciclagem;

· a falta de incentivos direcionados para a viabilização técnica e econômica de negócios voltados para o reaproveitamento dos resíduos como fontes de energia e substitutos da matérias primas.

Sugere-se que a busca de soluções se inicie pela implementação dos padrões de gestão ambiental de acordo com as normas Série ISO 14000, objetivando a obtenção de benefícios gerais e específicos tais como: harmonização de regras, identificações, métodos e procedimentos, minimização de barreiras e complicações comerciais, melhorias na proteção e qualidade mundial e local do meio ambiente, efetivo cumprimento da legislação, criação de condições favoráveis para a fiscalização, detecção e caracterização de ineficiências em processos de produção, obtenção de economias de custos, energia e matéria prima, melhoria na qualidade dos suprimentos e produtos entregues aos consumidores, redução de riscos de sanções e penalidades nas empresas, redução de riscos à saúde humana e ao meio ambiente e, sobretudo, possibilitando a evolução para uma gestão integrada, hoje entendida como a forma mais eficaz de se conduzir a questão dos resíduos.





RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS. E OS PASSIVOS AMBIENTAIS?





Segundo o autor (Francisco Alves), deve-se por um lado, atribuir aos industriais as responsabilidades e os ônus pela recuperação de passivos ambientes resultantes do processo produtivo e da geração de resíduos, e por outro, cobrar dos órgãos ambientais soluções efetivas para a questão dos resíduos, com prazos e condições. Também afirma que a recuperação deste enorme passivo ambiental acabará recaindo sobre toda a sociedade, quando de fato, quem a gerou foi apenas um setor, o da produção. E conclui afirmando que o custo relativo ao tratamento e disposição final dos resíduos industriais deve fazer parte dos custos de produção e não deve ser considerado como “gasto supérfluo” que possa ser feito apenas se houver “folga de caixa”.

O que se observa é que, de fato existe e é relevante e complexa a questão de passivo ambiental, na medida em que ela está inter-relacionada com a geração de resíduos e com o uso do bem comum. Ela demanda e merece sem dúvida, um exame mais acurado do posto de vista legal, ambiental, econômico e social de modo a se estabelecer e definir e distribuir claramente as responsabilidades sobre os direitos e obrigações envolvidos.





Em uma reportagem jornalística publicada em 1998, se encontra um relato sobre os problemas de custos e investimentos oriundos de passivo ambientais gerados pelo exercício de atividades indústrias poluidoras, citando dentre vários, o caso da Parmalat que adquiriu a Etti e mais US$ 2 milhões em passivo ambiental, onde o maior problema se originou da disposição inadequada de resíduos da fábrica da Etti em Araçatuba, interior paulista; o caso da Rhodia, quando adquiriu a Clororgil em 1976, assumindo um passivo de quatro áreas localizadas em São Vicente, contaminadas e apresentando altos índices de um produto que causa câncer e mutação genética. Também foram citados os casos da Matarazzo que deixou um rombo de US$ 20 milhões que impede até hoje, a venda de seu terreno em São Caetano do Sul, onde produziu no passado, o defensivo agrícola BHC altamente poluidor; o da privatização da estatal peruana de mineração Centromín Peru S/A que se dividiu em três partes tendo sido o passivo assumido pelo governo Peruano; o caso da Petrom Petroquímica de Mogi das Cruzes, que comprou a indústria Carbocloro Oxipar com 45 mil toneladas de resíduo industrial em depósito, representando um passivo ambiental de US$ 2 milhões.



Estes casos têm gerado uma preocupação crescente com a questão dos resíduos e as empresas têm adotado práticas de efetuar auditorias ambientais antes de realizarem suas aquisições e / ou fusões de negócios. Como o processo de tomada de decisões nos negócios é extremamente ágil em comparação com o processo decisório afeto às questões ambientais, tem-se adotado, além de se fazer auditorias ambientais, uma dinâmica que implica em transferências de responsabilidades de natureza ambiental entre empresas onde uma delas assume a obrigações de negociá-las com os órgãos competentes, ou ainda, há casos em que optam pelo envolvimento de um agente externo, realizando as denominadas operações “trust account” nas quais, esse agente externo, normalmente um banco, faz um caixa com valor igual ao passivo ambiental avaliado e o administra até que o impacto ambiental adverso seja solucionado. As principais fontes de poluição que contribuem para a formação desses passivos ambientais, citadas no artigo e fornecidas pela Cetesb são:

Solo

· indústrias antigas que utilizavam uma área não permitida para jogar seus resíduos químicos (um dos problemas mais graves e dispendiosos para se solucionar);

· indústrias que levam seus resíduos para lixões ou para outras indústrias que possuem depósitos irregulares;

· indústrias localizadas em municípios que não possuem aterros sanitários e acabam jogando os resíduos em estradas vicinais e lixões.

Água

· efluentes industriais (metais pesados, cianeto tóxico, entre outros);

· efluentes industriais e domésticos (carga orgânica de fossas, banheiros, lavagem de cozinhas, oficinas);

Ar

· fornos (Cimento, ferro, recuperação de cobre, etc.);

· torres (oxidação catalítica, sabão em pó, etc.);

· queima de combustível em caldeira (emite dióxido de enxofre e fumaça preta);

· gases (monóxido de carbono, dióxido de enxofre, solventes, óxido de nitrogênio, etc.) odores, material particulado;



Poluição Sonora

· ruído (problema que acontece quando uma indústria é instalada em região residencial e causa sérios conflitos com moradores). Roberta Lippi. 1988. Jornal “Gazeta Mercantil”, da sexta feira 21 de agosto de 1998, pág A-8.- [5]



“O Governo Brasileiro, pretendendo definir a Política de Gestão de Resíduos Sólidos, realizou reuniões no âmbito do CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, com a participação da CNI como representante da Indústria, objetivando ordenar as ações e definir responsabilidades para a reutilização e tratamento dos resíduos”. (revista “Meio Ambiente”, informativo da Confederação Nacional da Industria – CNI de novembro/dezembro/98). Este ordenamento foi julgado necessário porque até o momento várias iniciativas isoladas tentaram criar uma legislação específica, mas algumas delas chegam a ser conflitantes entre si. A intenção do CONAMA é fazer com que a Política de Gestão de Resíduos Sólidos seja desenvolvida em consonância com as Políticas Nacionais de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos, de Saneamento e de Saúde, seguindo os mesmos objetivos, princípios e diretrizes. Para isto, esta política deverá ser executada através de programas que estimulem:

· A não geração e minimização da geração de resíduos;

· a reutilização e reciclagem;

· mudanças nos padrões de produção e consumo;

· adoção de sistemas de gestão ambiental;

· universalização do acesso da população aos serviços de limpeza pública urbana;

· coleta, transporte, armazenamento, tratamento e disposição final adequada de resíduos;

· recuperação ou revitalização de áreas degradadas em decorrência da disposição inadequada de resíduos;

· ampliação e consolidação dos mercados de produtos reciclados;

· fortalecimento dos órgãos responsáveis pelo cumprimento da lei;

· melhoria das condições sociais das comunidades que trabalham com o aproveitamento de resíduos.



O mundo assistiu a uma significativa redução de tarifas às importações, mas ainda persiste um grande número delas, sobretudo quando aplicadas a produtos industriais, sendo que em oposição à crescente liberalização do comércio internacional, assiste-se, a uma incompreensível introdução de barreiras técnicas e ambientais no comércio internacional rotulando determinados produtos como “inaceitáveis” para consumo impedindo o exercício da natural competitividade por eficiência. É sabido que normas e regulamentos técnicos incluindo os sanitários e fitossanitários não se constituem, por si só, em barreiras comerciais, sendo incontestável a necessidade de estabelece-los para que fiquem garantidas a qualidade dos produtos oferecidos e a proteção ao meio ambiente.



Em um país como o Brasil, onde se observam vantagens comparativas em relação ao mercado internacional, notadamente em setores como o da siderúrgica e o da agricultura, deve-se prestar atenção para o fato desses produtos serem sobre-taxados sem nenhuma razão técnica. Isto tem ocorrido sistematicamente no comércio entre o Brasil e os Estados Unidos e também a União Européia. Tem sido impostas severas restrições tarifárias e/ou não-tarifárias para as exportações de alimentos, animais vivos, óleo de soja, café solúvel, suco de laranja, frutas tropicais, carne de frango, aço, ferro-gusa, silício, fios de algodão e fumo para a União Européia. Da mesma forma há restrições para exportação brasileira de produtos têxteis e siderúrgicos, açúcar e álcool etílico para os Estados Unidos.



Assim, propõe-se, dentre outras medidas, que se harmonizem as normas e regulamentos técnicos, inclusive os sanitários e fitossanitários, de acordo com os princípios da Organização Mundial do Comércio - OMC, de modo a favorecer ao desenvolvimento efetivo e verdadeiro de uma área de livre comércio entre os países, abolindo atitudes unilaterais de natureza discriminatória ou protecionista (Stefan Salej - Presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais – FIEMG, e Presidente do Conselho de Meio Ambiente da CNI no Informativo “Meio Ambiente” da CNI – nov/dez/98). [6]



CONCLUSÕES

“A great deal of work lies ahead us”. (Werner Schenkel – Director in Chief and Professor at the Federal Environmental Agency – Berlim, Grmany”

Como se observa, a partir da realidade empírica descrita nos vários artigos e estudos selecionados, pode-se concluir:



· a questão da geração e diversificação crescente de resíduos é um fato concreto com tendência a um agravamento quanto aos aspectos ambientais, sociais e econômicos, havendo inclusive em determinados locais, riscos severos de se criar um estado de emergência como é o caso da Alemanha;

· os resultados apresentados e decorrentes do uso das soluções clássicas (reciclagem, incineração e aterro sanitário - datam de 1940) demonstram não terem resolvido suficientemente a questão dos resíduos aos longos dos anos (Werner Schenkel. 1992);

· considerando-se que os resíduos podem ser classificados segundo sua origem, em aproximadamente 85% com características domiciliares e de limpeza urbana e 15% industrial. Sabendo-se que é possível reciclar 25% do industrial e 80% do domiciliar (compostagem da matéria orgânica e triagem de papeis, papelão, metais, vidros, plásticos, materiais de construção), ainda sobrarão 28% para incineração ou disposição em aterros sanitários, ou seja, um percentual bastante significativo;

· as maiores dificuldades para se estabelecer um Programa de minimização de Resíduos se originam de: falta de decisão política indispensável e necessária para o estabelecimento e atribuição de responsabilidades e definição de prioridades a serem adotadas e cumpridas (nos âmbitos legislativo e executivo);

· a criação de políticas e medidas (destinação de recursos orçamentários para investimentos com prazos de carência para pagamento e taxas de juros compatíveis com a natureza do investimento ambiental);

· a criação de políticas e medidas que favoreçam o desenvolvimento e a implementação de programas educacionais nas comunidades (conscientização para a geração, manuseio e disposição final adequada) e em áreas de ensino (investindo na população jovem);

· a criação de políticas e medidas que favoreçam a implementação de processos de reciclagem, estimulando e criando condições de sustentabilidade econômica para a iniciativa empresarial atuar neste tipo de negócio;

· a criação de políticas e medidas que favoreçam a implementação de unidades de compostagem nos municípios contribuindo para a preservação ambiental, para a melhoria da saúde e das condições sociais da população;

· a criação de programas específicos para o desenvolvimento e incentivo ao uso de tecnologias limpas para a redução da geração de resíduos na fonte;

· a educação e a conscientização da sociedade para proporcionar a sua participação na formulação de proposições e se criar uma dinâmica de cobrança destas decisões políticas. Por exemplo, setores interessados em viabilizar negócios na área de reciclagem poderiam formular políticas e diretrizes de modo a viabilizarem economicamente suas proposições, favorecendo a sua auto-sustentabilidade econômica e financeira no longo prazo.



O desafio é sem dúvida enorme. As tecnologias existem e o desafio maior será a identificação e a viabilização de sua implementação. Isto envolverá as etapas:



Primeiro, a evolução da compreensão da situação Global no âmbito político (visão, priorização, educação, saúde, qualidade de vida, competitividade, subsistência no longo prazo, cidadania);

Segundo, a mudança no nível de compreensão, no âmbito social estratégico e operacional, de que, o resíduo não é uma questão à parte, e sim, parte de uma questão maior;

Terceiro, a constituição e consolidação da base legal para a definição clara de responsabilidades de cada membro integrante da sociedade, e de estímulos (fontes de financiamento com carências, prazos e taxas de juros compatíveis com as atividades na área ambiental, redução de impostos, criação de infraestrutura para serviços de reciclagem, estabelecimento de prazos para a destinação final dos resíduos e limites de acumulação de estoques, principalmente de resíduos perigosos) favorecendo a viabilização das atividades ligadas a resíduos, como negócios.



“Não se pode mais varrer o lixo para debaixo do tapete” e não resolve só pensar em como voltar a pasta de dente para o tubo, na verdade, torna-se necessário rever o processo como um todo, integrando tecnologias, conscientização, legislação e fiscalização adequadas, gestão devidamente capacitada e desenvolvimento da interação entre órgãos ambientais governamentais, empresas e a sociedade.



REFERÊNCIAS

[1] SCHENKEL, W. Doing Away with The Throwaway Society. Environment and Tecnology – suplement to the Frankfurter Allgemeine Zeitung. 1992. The ISWA Yearbook.1993/94.

[2] SPRIGGS, H. D. Integration: The Key to Pollution Prevention. Waste Management. Vol. 14, nºs. 3 – 4, p. 215 – 229, 1994.

[3] ALVES, Francisco. Resíduos Industriais: quem paga a conta? Revista Saneamento Ambiental jul/ago/99.

[4] WATSON LTD, Montgomery; CONSULTORIA LTDA, ESSE Engenharia. Estudo sobre o Controle da Poluição Industrial nas bacias dos ribeirões Arrudas e Onça. Set/96.

[5] LIPPI, Roberta. Passivo ambiental Prejudica fusões e aquisições. Gazeta Mercantil, São Paulo, pág A-8. 21 ago.1988.

[6] SALEJ, Stefan. Barreiras não-tarifárias um obstáculo a vencer no comercio internacional. Informativo Meio Ambiente – CNI, nov/dez/99.

[7] BARROS, Raphael T. V. Resíduos Sólidos – UFMG -Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – DESA. 1988.

[8] MAGALHÃES, M.A. UFV - Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental – LESA.1999.

[8] PEREIRA NETO, J. T. Manual de Compostagem processo de baixo custo. Belo Horizonte: UNICEF, SLU, PMBH, UFV.1996.

[9]_____Boletim Estatístico do Serviço de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. Ago/98.

[10] LANGE, Liséte C. et. al. Effect of carbonation on properties of blended and non-blended cement solidified waste forms. Journal of Hazardous Materials 52, 193-212. 1997

[11] KITTE, Miriam. Environmental Management Systems ISO standard series: Role For Companies and Government. Presentation in The Gordon Institute – Tufts University – Medford – MA. 1997.

[12]___ISO/DIS14.001/2. DRAFT -Environmental management systems – Specification with guidance for use.1988.

Belo Horizonte. 2000.
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