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Cronicas-->Os Vendilhões do Templo Português -- 16/03/2007 - 00:41 (António Torre da Guia) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O senhor doutor Durão Barroso, após nos ter feito um manguito atrás das costas (algo que eu nunca ainda tinha visto), está à cabeça da Europa, pois então não está? O que é que está a fazer? Ah, até me tinha esquecido. Está a prestigiar Portugal e os portugueses.

O senhor engº. José Sócrates, a meias com a exemplar governação que está a efectuar (do tipo exemplar-descolonização), também vai um dia destes para lá, quiçá passar 6 mesinhos de empolgantes e emotivas férias (Batman em segunda-edição). Claro que, outrossim, nos prestigia imenso e nos dá vantagens únicas para sairmos do estranho buraco em que estamos metidos.

Ainda não percebi como é que políticos que não dão conta do recado em lado algum (no nosso caso só nos têm deixado com as calças na mão) são solicitados para desempenhar tão altos cargos e não logram descarga palpável. Parece mentira, mas é verdade, e verdade daquelas que põe qualquer pessoa com os miolos vazios a pensar em tais desideratos.

No ano de 2007, eis um dos pequeníssimos pormenores do auspicioso quadro que se nos depara e o JN nos apresenta e que sem tirar nem pór é verdade incontornável:

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Guardia Civil liberta 79 portugueses escravizados

Trabalhadores eram recrutados para explorações agrícolas, onde realizavam jornadas de nove horas

Por Inês Cardoso

Trabalhavam no mínimo nove horas por dia, seis dias por semana. Viviam em casebres miseráveis, em condições descritas pela Guardia Civil espanhola como de "semi-indigência". No final de cada semana de trabalho, recebiam apenas 10 a 15 euros. Os rendimentos a que tinham direito, na ordem dos 300 euros, eram retidos por intermediários. A maior operação policial do género de que há memória em Navarra libertou esta semana de um estado de quase escravatura 91 pessoas, 79 das quais portuguesas.

A operação, com o nome de código "Lusa", iniciou-se em Janeiro, na sequência de denúncias de moradores dos municípios da zona de La Ribera, no sul da província espanhola de Navarra. Depois de semanas de investigações, na terça-feira seis empresários foram indicados por suspeitas de participarem no esquema de exploração e 17 intermediários detidos.

Treze dos suspeitos de angariação e exploração de mão-de-obra eram portugueses, quase todos transmontanos, naturais dos concelhos de Mirandela, Vila Real, Alfàndega da Fé, Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Cóa, Valpaços e Sendim. Do grupo fazia parte uma mulher, de 49 anos, natural de Vila Real.

Os trabalhadores, por seu turno, diversificavam na origem. Na maioria dos casos, segundo a Guardia Civil, eram recrutados em estações de transportes ou pensões de Lisboa e do Porto. "Sempre entre pessoas com um profundo desenquadramento social, problemas familiares, semi-analfabetos".

Já em Espanha, eram instalados em casas sem condições de habitabilidade. Descrições de testemunhas às forças de segurança dão conta de que chegavam a "fazer as necessidades na via pública". Ou que "deambulavam pelas povoações sempre com a mesma roupa".

Das localidades em que a maioria se concentrava - Valtierra, Tudela, Murchante, Milagro e Arguedas -, eram depois levados para diferentes pontos de trabalho, sempre em actividades agrícolas. As horas de trabalho intensificavam-se nos meses de apanha de fruta. Havia também operários recrutados para fábricas de conservas e de transformação alimentar.

Sem regresso

Só dois dos 79 portugueses manifestaram intenção de regressar, de acordo com o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga. Os restantes continuarão a trabalhar na zona, mas com contratos de trabalho e sem intermediários. O governante anunciou que vai reunir-se com a sua homóloga espanhola no dia 22, em Madrid, para analisar os casos de portugueses explorados em Espanha que têm surgido nos últimos anos.

No ano passado, a operação "Fado", também na província de Navarra, resultou na libertação de 48 trabalhadores. Fonte da Guardia Civil explicou ao JN que o problema justificou a criação de "um grupo exclusivamente dedicado à investigação da exploração laboral". Missão na qual colaboram também as inspecções do Trabalho portuguesa e espanhola.

A delicadeza do tema talvez explique o facto de, em dezenas de contactos para as localidades em causa - para associações sociais, restaurantes e órgãos de informação locais -, o JN ter quase invariavelmente recebido, como reposta, que ninguém tinha "ouvido falar de nada" nem conhecido "pessoas exploradas".

A excepção foi o pároco de Arguedas. Embora salientando não conhecer situações concretas nem vítimas libertadas pela Guardia Civil, Santiago Jumenez Agia afirmou receber, "pontualmente", pedidos de ajuda alimentar. "A paróquia ajuda no que pode. Mas não só portugueses, porque acolhemos todos os que nos batem à porta", apressou-se a acrescentar.

De resto, entre os trabalhadores explorados encontravam-se também oito espanhóis, dois angolanos, um moçambicano e um polaco. Segundo fonte policial, todas as vítimas "temiam a intervenção da Guardia Civil", talvez por receio de represálias.

Levantamentos forçados em contas fictícias

Muitos dos patrões abriam contas para os trabalhadores, onde faziam depósito do salário. Contudo, no dia do pagamento, os intermediários ou mesmo os empresários acompanhavam os trabalhadores ao banco, para retirarem a maioria do saldo. Noutros casos, eram-lhes dados cheques, de imediato endossados aos suspeitos de exploração.

Salários depositados nas contas dos patrões

No caso dos seis empresários indiciados, a ligação à rede foi comprovada por terem sido feitos depósitos dos salários directamente nas suas contas. Questionados pelas autoridades, alegaram que guardavam o dinheiro, mas para o entregarem no final da temporada.

Comida, alojamento e volume de tabaco

Além de 10 a 15 euros semanais e alguma comida, cada trabalhador recebia um volume de tabaco e alojamento (precário). Os intermediários e patrões alegavam que as despesas superavam o rendimento.

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É evidente que os senhores Durão Barroso e José Sócrates "não tem culpa nem responsabilidade alguma" por estas estas tão interessantes actividades de que tantos e tantos portugueses estão a ser vítimas na Europa, coisa que nunca aconteceu quando detínhamos em mão firme a nossa soberania.

Há uma passagem bíblica, a dos vendilhões do templo, em que o filho de Deus perdeu a cabeça, tomou um chicote e expulsou tão nefastas criaturas.

Quedo-me pois a interrogar se também serei ou não filho de Deus. Ah, não sou, não. Se fosse, creiam, já há muito tempo que tinha pegado no chicote.

António Torre Guia
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