Minha mãe, na época da minha infância, me dizia que noitada era surra de noite, da mesma maneira que chicotada era surra de chicote e paulada era surra de pau. Então ela, dessa maneira, tirava a minha vontade de sair de noite com o meu irmão mais velho, que todo final de semana me dizia, quando eu perguntava para onde ele ia quando saia de noite, que ia para uma noitada. Então um dia, quando eu acordei na manhã seguinte à noite que ele havia saído, eu fui direto perguntar a ele: “E aí, seu bobo, apanhou muito ontem à noite?”. Como ele não entendeu, então eu lhe expliquei o que minha mãe havia me dito, ele caiu na gargalhada e respondeu: “Apanhei, sim, mas também bati muito, bati tanto que a noite não agüentou e acabou fugindo, e o dia entrou no lugar dela”.
Meu irmão também tinha um pouco de poeta...
*Texto presente no livro "Obra completa - dos 16 aos 21", de Plínio Amaro, tiragem única em janeiro de 2002. |