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cronicas-->TEMPOS DE REAL -- 17/03/2007 - 07:16 (Wilson Vilar Sampaio) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

TEMPOS DE REAL (R$)

Era Domingo. Chovia e as goteiras molhavam toda a casa. Eu estava na sala reunido com minha família e lendo os jornais de Quinta e Sexta-feira, pois não estou podendo compra-los e levo para ler os que vão para o lixo, lá no meu trabalho.
Minha esposa remendava nossas roupas na máquina Singer de pedal que pertencera à minha avó, enquanto meu filho amolava facas e tesouras numa pedra e minha filha recortava pedaços de pano velho para que fossem utilizados como remendos.
À medida que lia os jornais, pressionava ritmicamente o pedal da velha máquina de costura para ajudar minha esposa. De repente, ao ler a notícia sobre a fixação do teto máximo dos salários da União, deixei escapar uma exclamação impublicável, porém audível o suficiente para que meu filho indagasse: - Que foi, papai?
Eu, que completei mais de oito anos sem aumento real, expliquei o que se passava:
-Meu filho - disse eu - apesar do Presidente da República impor a todos os trabalhadores um arroxo salarial insuportável e injusto, vai aumentar o salário dele próprio, dos juizes e dos deputados e senadores!
-E ele só vai aumentar o salário dessas categorias por quê?
-Ora porque! - respondi - está na cara que é para facilitar a aprovação dos seus projetos no congresso e ter o judiciário ao seu lado, indeferindo os requerimentos de nós outros, quando pleitearmos um aumentozinho, nem que seja a título de reposição da inflação que só acabou nos sonhos do Presidente.
-Mas ele não deu aumento antes para os militares? - insistiu meu primogênito-
-Deu sim, mas os militares têm canhões!
-Eu também tenho - continuou ele - e você não aumentou minha mesada.
-CANHÕES, meu filho; eu falei CANHÕES!
-Puxa vida, pai, quer dizer que vamos passar mais um ano apertando o cinto?
-Exatamente. E por falar nisso, já fez mais um furo no seu?
Meu filho levantou-se e quando já ia retrucar, caiu uma manga espada em nosso quintal, vinda da mangueira da vizinha, e todo mundo correu para apanhá-la, encerrando assim esse diálogo familiar em "tempos de real", porque feijão de cesta básica demora muito para cozinhar e a minha turma estava faminta.










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