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cronicas-->Prosa de carnaval -- 19/03/2007 - 08:06 (Tere Penhabe) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prosa de Carnaval
Tere Penhabe

Lendo o poema, "Onde será Nosso Café?", da escritora Rosa Pena, algumas lembranças afloraram, porque graças a Deus, esse cofrinho mágico que é a nossa mente, não guarda só coisas ruins não, a minha até se preocupa mais, em guardar o que foi bom.
Desta vez, a lembrança que me rondou, foi de quando nós mudamos para Itanhaém, eu e meu falecido marido, que antes de ser falecido passou pela comenda de ex-marido, mas isso é uma outra história.
Pois bem, nós adorávamos praia, e treleu não leu, a gente estava na praia salgando a bunda.
Aproximava-se o carnaval e a cidade já estava ficando abarrotada de gente. Era gente pra todo lado, como nunca tínhamos visto.
Nossos novos amigos, sabendo da nossa "tara" por praia, disseram-nos que no carnaval, quando a maré baixava de madrugada, era possível encontrar muitas coisas de valor na areia, trazidas pela maré alta. Jóias, relógios e dinheiro que eram perdidos pelos foliões, nas ondas do mar durante a noite.
Vai daí que durante o jantar, o falecido parecia meio ausente e eu lhe perguntei do que se tratava. Ele respondeu:
- Tava aqui pensando... o carnaval vai ser nos dias da semana, em que a gente não trabalha. Podíamos ir dar umas voltas na praia de madrugada... vai que damos sorte e encontramos lá, um kilo de ouro, umas 200 gramas de brilhantes, quem sabe uns pacotinhos de dólares... que é que você acha?
Entre muitas gargalhadas, eu aceitei a proposta, claro! Iríamos tirar isso a limpo sim.
Colocamos o despertador, e às três da matina, lá fomos nós para o nosso "garimpo".
Em princípio, o que a gente mais viu foi casal embolado aqui e ali, mas isso não era novidade para nós, que a gente até que era bom nessa brincadeira também, e ninguém se mostrava interessado na nossa presença.
Ouvia-se ao longe o som do carnaval, luzes nos bares, risos, o som da alegria, que foi diminuindo pouco a pouco.
Estava uma escuridão do cão, então falei pro falecido:
- Você acha mesmo que vamos enxergar os brilhantes que estiverem espalhados por aí? Se eu não estou enxergando nem você, homem de Deus! _ E ele respondeu:
- É... pensando bem, eu também não estou enxergando nada, é melhor a gente parar e esperar clarear um pouco.
Sentamos nas pedras, perto da Boca da Barra, e ficamos conversando. Estava uma noite linda!!! A lua não era cheia, mas era soberba e poderosa lá no céu.
Se eu soubesse tudo que viria a acontecer depois, talvez tivesse dado "uns tarracos" no falecido naquele momento, mas a bem da verdade, a gente já estava até meio enfastiado.
Pois é, conversa vai, conversa vem, a maré começou a baixar rapidamente e os olhos já estavam acostumados com a escuridão, podendo ver mais claramente a uma distància razoável. Começamos a andar...
Andamos mais que "égua de padeiro" e nada de brilhantes nem ouro, muito menos dólares.
A sacolinha do falecido estava no bolso da bermuda, vazia da silva.
Já estávamos mais molhados de suor do que cão na chuva, quando o falecido, bem melhor dos olhos do que eu, gritou:
- Opa! Achei o ninho da égua! ( "ninho da égua" era uma expressão muito usada no interior, para designar, mapa da mina, lugar certo, etc )
Até hoje eu rio sozinha, só de lembrar desse momento... via-se lá, do que estava enterrado na areia, a pontinha de uma nota de dez reais, novinha em folha. Ele puxou a bitela e ergueu contra a lua, para certificar-se de que era de verdade, e era!
Caramba! Saímos os dois desarvorados procurando mais...
Mas qual o quê! Foi só aquela mesmo. E depois de traçar mais uns cinco kilómetros, línguas de fora, pernas pesadas, ele olhou para mim e falou:
- Seguinte: para enricar não vai dar, e já que é assim, vamos "torrar" essa que nós achamos?
Claro que eu aceitei e fomos tomar café-da-manhã na Padaria São Bento, que era a única que abria de madrugadinha.
Empoleirados na banqueta do balcão, comemos pão com mortadela na chapa, acompanhado de pingado.
Caramba! A boca enche d água só de lembrar. Como estava gostoso aquilo, gente!!!
A partir daí, de vez em quando a gente fazia isso, não tão de madrugada, e nem para achar a dinheirama toda que falaram que a gente acharia, mas para ir tomar café fora...rssss
Foram bons tempos. Muito bons tempos! É preciso pouco, muito pouco MESMO, para ser feliz!
Té mais então.
Tere.

Santos, 24.02.2006_10:00 hs
www.amoremversoeprosa.com
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