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Infanto_Juvenil-->UM CACHORRO MUITO MALUCO -- 04/10/2004 - 15:09 (Carlos Higgie) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
UM CACHORRO MUITO MALUCO

A chegada de Hamon-Rá, um cachorro que os entendidos diziam ser de origem egípcia, provocou uma pequena convulsão familiar, dividindo o lar em duas fações rivais. Por um lado os que eram a favor da permanência de Hamon-Rá no apartamento e do outro lado aqueles que eram contra. Ou seja: a favor a mãe, Leo, Daniel e Roberto; contra, o Pai. Solitário guerreiro, exército de um homem só, enfrentava a maioria com argumentos de todo tipo e tamanho. Nada convencia os meninos e a Mãe. O cachorro, fino, elegante, com um ar régio e claramente debochado, demarcou seu território e até mostrou os dentes, mais de uma vez, para o suposto dono da casa. O cachorro tinha uma característica que chamava a atenção: não latia. Parecia mudo. Tudo fazia em silencio, expressando seus desejos com olhares e movimentos.
Certa noite o Pai chegou cansando, tomou banho, caiu na cama, dormiu como uma pedra. Feito urso, roncava com indescritível prazer, profundamente submergido no abraço aconchegante do sono. Aquilo irritou profundamente ao silencioso cachorro. Com certeza achava que era um absurdo quebrar com aquele ronco insuportável o frágil cristal do silencio. Não teve dúvidas, invadiu o dormitório e pulou sobre a cama e mordeu e lambeu o Pai até que ele acordou furioso e gritando.
Quase foi o fim da presença canina no apartamento. Foi uma semana difícil para todos. Hamon-Rá, consciente do impasse que tinha criado, permaneceu afastado, escondendo-se debaixo da cama, na sacada, dentro do guarda-roupa, detrás da porta, cada vez que o Pai, com seu passo pesado e autoritário entrava pela porta da sala.
A solução encontrada pela Mãe foi no mínimo inusitada. Dias depois do incidente, apareceu com Sansão: um cachorrinho pequeno, quase uma bola de pelo preto e amarelado, com dois olhos pretos como bolinhas de gude, brilhantes e espertos.
O Pai reclamou e reclamou e reclamou de novo, até que o pequeno e frágil Sansão aproximou-se fazendo festa, sorrindo com a cauda, buscando o carinho do homem, fazendo com que ele sentisse o delicioso contato da seda do seu pêlo. Pronto, o novo dono da casa tomou posse.
Daquele dia em diante Sansão tomou conta do pedaço, voando do sofá para o chão feito pássaro sem asas, promovia barulhos de todo tipo e tamanho, cheirava o ar, cheirava as emoções, aprovava e desaprovava cheiros. Degustava, com fruição, o sabor do vento e brigava com todos, principalmente com Hamon-Rá, que pouco a pouco cedeu seu espaço para a pequena bola de pêlos e encrencas.
Sabiamente, mantinha uma excelente relação com o Pai e com a Mãe, para não correr o risco de ser “exportado”. Assim, num abrir e fechar de olhos, Sansão, pequeno-frágil-poderoso, passou a reinar e alegrar aquele lar.

Carlos Higgie
chiggie@terra.com.br
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