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Artigos-->A normalidade revolucionária -- 12/02/2003 - 17:05 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"A normalidade revolucionária



Sandro Guidalli



Minha saída do portal Comunique-se, portal voltado para jornalistas e estudantes de comunicação do qual fazia parte como colunista, é um pequenino elemento num contexto mais amplo e abrangente. Não é fato importante por ter eu sido o principal protagonista. O menos importante no enredo aqui é o personagem. Explico.



Dele fui dispensado porque, supostamente, boa parte dos usuários estava dispostos a descadastrar-se em repúdio aos meus artigos, frontalmente opostos ao pensamento dominante atual. Eu era, digamos, “politicamente incorreto” demais. Ameaçava o consenso forçado de opiniões que garante a saúde mental das pessoas nos dias de hoje.



O episódio, ainda que pequeno, serve como ponto de partida para a explicação de algo que está acontecendo no Brasil mas que poucos têm percebido. E não quero dizer com isso que sou membro de um grupo privilegiado de observadores da realidade. Não é nada disso.

Quero dizer que estamos vivendo sob o que chamo de “normalidade revolucionária”. Trata-se de uma transformação da sociedade típica das revoluções mas que se dá de forma muito peculiar e diria até quase inédita no mundo. A revolução é a substituição do velho pelo novo. Uma nova maneira de agir, de se comportar, de se expressar e de se relacionar toma o lugar dos hábitos “antiquados”, que precisavam ser “proscritos”, “transformados”, “eliminados” dentro de uma nova era.



Isso está acontecendo no Brasil e em boa parte do mundo. Basta ver um telejornal, ler uma revista, conversar com as pessoas para perceber que há um novo pensamento hegemônico no ar e ele está baseado na doutrina socialista. Já disse que a própria maneira de chamar as coisas é sintoma disso. O pobre é o “excluído. As diferenças são “desigualdades sociais”. A Justiça, que já foi divina, agora é apenas “social”.



Ainda dentro deste contexto, nota-se um afunilamento de idéias em que as divergências de opinião são evitadas ou, no mínimo, criticadas em nome da supremacia do pensamento único. Recentemente, em Porto Alegre, o Fórum Social Mundial mostrou ao mundo a afinidade de discursos socializantes, a simpatia mútua pelos mesmos ídolos, o linguajar em comum de um imenso grupo de pessoas, a maioria até separada por milhares de quilômetros. A própria palabra “fórum” neste caso está mal-empregada ou, pelo menos, precisa readequar-se aos novos tempos. Antes uma “ágora” em que idéias se confrontavam, hoje um congresso, local de unificação delas.



Esta revolução na maneira de pensar e de se comportar tem outra fantástica característica. Ela não é perceptível, é quase inapreensível. É que ao movimento de substituição é acrescentado outro, o de indignação. É como se estivéssemos dentro de um automóvel em alta velocidade berrando para fora da janela dizendo que ele não estava se movendo e que alguém precisava fazer algo urgentemente para impulsioná-lo.



Assim, a opinião dominante e revolucionária aparece como débil e oprimida. As ações de governo condizentes com o modo de pensar socialista são boicotadas pela elite conservadora que repele as mudanças. Neste sentido, quanto mais cidadania, direitos humanos e justiça social obtivermos, mais se farão necessárias entidades, campanhas e ações para negar a sua realização e assim, por sua vez, garantir mais poder de transformação. Esta é a estratégia dos novos revolucionários que agem dentro de condições estáveis de pressão e temperatura sociais.



Insuspeitável, esta revolução não apenas substitui o velho pelo novo. Ela estrangula vestígios de contestação e oposição. Seus agentes não a admitem e por isso mesmo estão livres para empreeendê-la como se ela não estivesse sendo feita. Reduzem-se os canais de voz por onde fala a dissensão até que todos estejam se comunicando na mesma e totalitária linguagem. Muitos dizem que esta era a meta final de Antonio Gramsci. É provável que sim. Mas o que importa é que quando isso acontecer, e estamos tão perto disso, a normalidade revolucionária terá sido concluída. Quem puder percebê-la, o terá feito tarde demais.

www.offmidia.com/sandro.htm"





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