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cronicas-->Chame o lanterninha! -- 23/03/2007 - 21:43 (Jefferson Cassiano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Sou menos cinéfilo do que gostaria. Assisto a um filme no cinema e mais dois ou três em casa por semana. Se o ingresso não fosse tão caro e se os filmes chegassem a Ribeirão Preto com a mesma velocidade com que, inexplicavelmente, estréiam em Araraquara e São Carlos, talvez fosse mais ao cinema. Talvez, pois há ainda outro motivo que me faz pensar muito antes de tomar a decisão de sair de casa e entrar na fila de uma das dezenas de salas de projeção da cidade: o espectador mal-educado.
Você conhece o tipo, ele estava assistindo ao Rocky Balboa na terça passada. Esparramado, descansava os pés no encosto da poltrona da frente - que fim levaram os lanterninhas?! Não contente com as pipocas superultrahipermegamastergiants, o troglodita devorava dois lanches do Mac e um copão de Coca-Cola - alguém pode chamar o lanterninha?! De boca cheia, ele ainda teve a cara-de-pau de falar ao celular, que nem deveria estar ligado, e conversar - lanterninhaaa! - com algum coleguinha infeliz:
- Fala, véio! E aí? Sussa? Intão, véio...eu liguei procê. Sua mãe não te falou? Intão, véio, tó aqui no cinema. Rock, véio. Só.
Não lembra dele? Pois você vai se lembrar do casal de anormais que conversava durante o filme. Achando que estavam na sala de casa, trocaram observações idiotas sobre cada cena, do começo ao fim:
- Esse não é aquele ator que fez o vilão no filme que passou no Sábado na Globo?
- É... aquele que teve um caso com atriz nariguda?
- Isso. Só que agora ele tá mais loiro, né?
A dupla não parou por aí. Ela não estava feliz em atrapalhar a vida de quem sabe que cinema é para gente com ao menos uma mínima idéia de civilização. Resolveu radicalizar: começou a cochichar em Surround para o marido todas as legendas. Enquanto isso, o benhê dela não achava uma posição confortável na poltrona e sacudia toda a fileira.
Da mesma linhagem é o adolescente que, unido a outros da sua tribo, paga meia-entrada de qualquer filme para não assistir a uma única cena. Em vez disso, a turma faz piadas tolas, ri das próprias gracinhas feito hienas dopadas e troca de lugar a cada dois minutos como macacos-prego com pregos espetados naquele lugar. Esses você já teve a infelicidade de encontrar durante um filme iraniano. Ou durante o ganhador do Sundance. Sim, o jardim de infància adora invadir exatamente as sessões mais alternativas, pelas quais não têm o menor interesse. Só para irritar, tio!
Essas figuras desprezíveis têm mesmo o talento de aporrinhar. Protegem-se atrás do código do deixa-pra-lá que faz com que todos, apesar do incómodo que sentem, evitem "arrumar problema" com o rapaz ao telefone, com o casal que conversa e chuta as poltronas da frente, com a meninada que faz micagens em frente à tela. Ninguém quer ser o chato de plantão. Assim, muitos são lesados por poucos, numa lógica que, aplicada a outras esferas da vida, explica um tanto do caos social e político que enfrentamos. Mas nem vou por essa linha de raciocínio para não ficar ainda mais chato.
A quem gosta de cinema não sobra muito além de cuidar da própria conduta. Se você também se incomoda com isso tudo, continue agindo como um exemplar amante da sétima arte: celular desligado, silêncio e respeito. Quando um dos tipos descritos aqui começar a agir, não perca a chance de sair e chamar o lanterninha. Depois conte-me onde diabos ele esteve escondido.
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