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Cronicas-->UM HOMEM QUE SE BUSCAVA A SI PRÓPRIO -- 25/03/2007 - 00:13 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


UM HOMEM QUE SE BUSCAVA A SI PRÓPRIO
Giusto Io
24 de março de 2007

A situação dele era a de tantos solitários que olham o mundo como um enigma. Normalmente chamam, a esses seres humanos, pensadores ou filósofos ou sábios ou até intelectuais. No fundo, são pessoas que não se contentam com aquilo que a maioria busca na vida: comida, sexo e dinheiro.Eles sabem e admitem que tudo faz parte da vida, mas há, na opinião dessas pessoas, uma hierarquia de valores que dão à vida uma razão superior que a torna mais digna de ser vivida.
Aristarco considerava-se um partidário acérrimo dessa atitude filosófica e defendia a necessidade de uma vida bem vivida e bem estruturada dentro de um pensamento vivo. Pensava, em virtude disso, que as pessoas deveriam ter em suas cabeças algo que as fizesse pensar o mundo em sua principal problemática, e que lhes proporcionasse uma orientação para a existência.
Naquele dia, Aristarco procurou um livro na estante da sua biblioteca, desceu na garagem, ligou o carrro e saiu para o parque Olhos de Água. Já no recinto da reserva florestal, buscou um banco e uma sombra debaixo de um alto e frondoso angico e abriu o livro que trouxera em mãos para ler ali mesmo, naquele agradável ambiente da natureza. Era uma biografia de Sócrates que amigo muito chegado lhe tinha oferecido em seu dia de anos. No pórtico da monografia, debaixo da efígie de Sócrates, de cabelos longos e barba crescida, estava estampada a legenda: "Homem, conhece-te a ti mesmo"! Chamou-lhe a atenção esse dístico. Além de uma notícia biográfica, o livrinho trazia pensamentos de Sócrates ou seja, dava amostragens textuais concretas do que pensava Sócrates, de verdade. Mas havia mais. Havia um capítulo, que era intiulado "Sócrates por ele mesmo" ou a defesa de Sócrates. Esta defesa é tida como uma das mais belas páginas de eloquência da antiguidade. É um discurso de autodefesa reportado por seu discípulo Platão, dirigido a seus radicais acusadores atenienses. Sócrates não deixou nenhum manuscrito para a posteridade. Tudo o que sabemos é aquilo que dele nos deixaram Platão e Xenofonte. Em tudo o que dele sabemos, aparece-nos a figura de um espírito popular, espontàneo, sereno, de um grande sábio que cultivava a vida interior, e pregava a verdade, a prática da virtude, da justiça e da ética entre os cidadãos de Atenas.
Concentrado em sua leitura debaixo da sombra do angico, Aristarco passava depois ao capítulo sobre Sócrates visto pelo mundo. Eram depoimentos sobre Sócrates. Depoimentos de estudiosos e pensadores que estudaram Sócrates. Depoimentos do tipo do de Jean Brun que diz que "toda a civilização ocidental é herdeira do pensamento de Sócrates e do cristianismo". Dele partem as filosofias de Platão e de Aristóteles. Ao formular o princípio do "homem, conhece-te ti mesmo", Sócrates colocou na base das escolas filosóficas ocidentais a primeira grande questão que revolucionaria o mundo do espírito: a questão do auto-conhecimento. Entre quarenta pensamentos apresentados como sendo de Sócrates, Aristarco se concentrou demoradamente sobre o que era reportado no n. 31. Tratava-se de um pensamento que retratava um diálogo entre Platão e Sócrates. Platão disse um dia a Sócrates que sem definição não se pode discutir. Sócrates disse para Platão que necessidade tinha ele de discutir a razão porque nos entregamos à filosofia. Platão indagou então de Sócrates: se não é para discutir porque nos entregamos então à filosofia. E Sócrates respondeu sabiamente: "Nós nos damos à filosofia para aprender a bem viver, meu Platão". Tão claro e contudente este pensamento, que Aristarco fechou o livro, levantou-se e deu mais umas voltas pelo parque, intranhdo na natureza, pensando profundamente na utilidade da filosofia para o bom aprendizado da vida.
Foi matutando naquilo que havia lido que ele voltou a sua residência, ainda de livro na mão! Mas, desta vez, já dominado por uma profunda questão socrática: "Homem, conhece-te a ti mesmo"!


Giusto Io
24 de março de 2007
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