Recebo um e-mail cheio de ansiedades. Um cidadão reclamando da morosidade da Justiça brasileira e dos tratamentos diferenciados. Fóruns especiais para políticos, processos com prazos vencidos, impunidades.
Os cidadãos comuns não têm estas regalias e acabam gastando muito com advogados, em boa parte dos processos pagam por seus erros.
Segundo comentário do indignado cidadão, a verba da merenda escolar ali, a verba da saúde acolá acabam rendendo votos ao invés de cadeia.
O fato é que nos últimos anos surgiram mecanismos como a Lei de Responsabilidade Fiscal para tentar moralizar o setor público, mas os processos contra governantes e legisladores corruptos continuam com a mesma velocidade.
Dinheiro desviado dos cofres públicos acaba servindo de verba para custear bons advogados e entravar o caminho da Justiça. Segundo o indignado cidadão, o agravante é que os responsáveis pela mudança são justamente os deputados federais e senadores, muitas vezes comprometidos com grupos que praticam fraudes por todo o país.
As comissões de ética da Câmara e do Senado já conseguiram alguns avanços, afastando deputados e senadores corruptos, mas estes avanços foram tão tímidos que não abalaram a conjuntura nacional.
Sabidamente existem mais parlamentares que precisariam ser afastados das casas responsáveis pelas leis brasileiras, mas enquanto a sociedade não evolui no sentido de promover as mudanças cidadãos indignados continuam a ser formados.
Os que foram treinados para falar e respeitar estas leis garantem a paz e a continuidade do processo. Outros, ligados a setores mais radicais, pregam revolução. E ainda existe a terceira via, a dos cidadãos sem cidadania que enveredam pela criminalidade e fazem suas próprias leis, subvertendo a ordem estabelecida em padrões duvidosos de comportamento.
O cidadão do e-mail continua indignado, apesar da promessa de novos tempos. Ele acredita que em alguns anos não haverá mais este tipo de Justiça, bastante temeroso. Está achando que a sociedade pode escolher caminhos mais hemoglobínicos para eliminar suas diferenças. E teme pelo futuro da nossa incipiente e incerta democracia.