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Cronicas-->CRÓNICA SOBRE COISAS ESSENCIAIS -- 29/03/2007 - 12:46 (João Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



CRÓNICA SOBRE COISAS ESSENCIAIS
João Ferreira
29 de março de 2007

Estou com vontade de escrever. Não sei bem o quê. Mas tenho vontade. E talvez saiba porquê. Preocupado com coisas essenciais. Primeiro induzido pelo rótulo do jornal: "Atentado contra africanos na UnB". Grave. Se a gente se preocupa com a violência em geral, irá preocupar-se mais quando a violência parte do racismo, ou da discriminação ou da miséria do mundo. Nossa preocupação nasce da menoridade intelectual de uns, do excesso de zelo de outros, e também da falta de sensibilidade e habilidade da maioria em saber conviver se negando a compreender e a estender a mão para o outro. Quando falamos do outro, falamos de tudo o que resta, além de nós. Quando não somos nós, é o outro. Verdade. O outro nos cerca por todos os lados. É o nosso próximo. É o nosso semelhante. Seja bárbaro seja civilizado, esteja cheio de amor ou cheio de ódio. Está ali. É o outro. Precisamos dele para tudo. Para as relações sociais, para o trabalho, para a produção, para a industrialização, para a distribuição, para a família, para a amizade, para o ensino, para a aprendizagem, para o divertimento, para o amor. É o outro. Para entender isto, temos de partir do princípio de que o mundo não é de ninguém. Nem de brancos, nem de negros, nem de amarelos, nem de mestiços. A sociedade é essa aí, essa em que estamos integrados. Não somos mais nem somos menos do que ninguém. Somos nós simplesmente. Nós e os outros. Temos apenas de nos ajustar. De saber conviver e de não partir para a ignorància. Triste daquele que não sabe respeitar e ver o outro, na sua representação humana, nos seus direitos, e sobretudo na dimensão do que ele também é. Muitas vezes presumimos mais do que somos na verdade. Muitas vezes achamos que somos o mundo. Que somos uma nação. Que somos a razão. Que somos os heróis. Os civilizados. Os tais. Mas é ilusão. Somos apenas aquele pedacinho de gente. Quanto mais ignorantes mais pequeninos ainda. E por isso, como ensina a sabedoria popular, respeitar é bom. É necessário. Respeitar ajuda a crescer, a conscientizar, a aprender. Quem sabe, neste momento, depois de tudo, na UnB, alguém está aprendendo? Depois desse incêndio noticiado pelos jornais, quem sabe alguém está meditando e transformando o ódio em tolerància, a caminho da compreensão e do amor? Me preocupo, sim. Por isso e por muitas coisas. Minha preocupação vai até meu jardim. Não posso pensar em estragos no meu jardim. Esse sentimento faz parte de minha visão de mundo e do meu amor pela natureza. Uma visão de harmonia, de beleza e de cumplicidade com as coisas. Gosto de minhas flores apesar de não poder estar junto delas a toda a hora. Me preocupo com bichos daninhos, com os percalços do tempo. Flor é delicadeza, é amor. Precisa de trato. Como se fosse pessoa. Trato fino, como se fosse gente nobre, de coração. Gosto de sua beleza, de sua cor, de seu perfume. Me preocupo com elas também.
Ficarei, por isso, menos preocupado quando os homens se reconhecerem como irmãos fraternos, respeitadores e tolerantes. E me alegrarei no dia em que já consciente de sua condição, conseguir educar e alargar sua sensibilidade e se dispuser a amar em toda a extensão o universo em todas as representações que conosco convivem no mundo, começando pelo homem e dando preferência em seguida às fontes, aos passarinhos e às flores.

João Ferreira
29 de março de 2007
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