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cronicas-->Pesadelo (*) -- 01/04/2007 - 16:27 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Pesadelo (*)


Com mais de cinquenta anos de serviço, averbados pelo INSS, e mais de trinta no mesmo emprego; pioneiro e responsável, em parte, pela construção da nova capital; professor no ensino médio e no ensino superior por mais de quarenta anos; detentor de prêmios em concursos públicos, cansado de sofrer tanto descaso e indiferenças na empresa (pública!) em que trabalha e na qual, para a equipe dirigente -- cuja característica primordial é dar nó-cego em pingo d água, desatar e atar de novo --, representa o supra-sumo da nulidade, ou seja: "z" dividido por "n", elevado à potência fracionária negativa, multiplicado pelo logaritmo de um, tudo tendendo para menos infinito, onde "z" = zero e "n" = nada, desabafa-se (numa sexta-feira e no final do segundo expediente) com um colega isento, culto, trabalhador e amigo de políticos influentes:



-- Teófilo, dadas essas coisas que você bem conhece e outras que a sua inteligência sugere, seria possível conseguir -- com as autoridades do seu relacionamento -- minha transferência daqui?


Compenetrado, e em tom grave e solene, afirma:


-- Sim, creio que posso obtê-la ou pelo menos tentar...



-- Que bom! É tudo de que necessito, no momento. Conto com você. Por favor, não me decepcione.


Com o semblante carregado, mostrando-se resoluto, ponderou algumas variáveis (algo que só faz amigo):


-- De imediato, sei que há uma vaga disponível, que aguarda indicação faz tempos. É atividade humilde, mas dignificante. Você aceita? tem certeza de que deseja sair? pense bem... a ocupação é de carregador de peso, encargo estafante, duro, e atratividade não existe.


Sem alternativa, medita profunda e verdadeiramente:


-- peso eu carrego há mais de meio século; nunca tive receio de tarefas difíceis; trabalho com seriedade e sou honesto. Não posso rejeitar. Aceito e agradeço o empenho que tiver. Diga-me o que tenho de fazer para concretizá-la.


Teófilo, ainda querendo confirmar a decisão do amigo, questiona-o mais uma vez:


-- Juvenal, mesmo assim, você quer que providencie para que o fato se concretize?


Responde-lhe convicto:


-- É tudo de que preciso.


Então vou fazer os primeiros contatos. Segunda-feira, tenho reunião com a pessoa que nos pode auxiliar nisso. Se houver possibilidade, toco no assunto. Espero que tenha êxito pleno o meu pedido.


Juvenal, todo feliz, começa a traçar planos e desenvolver alguns procedimentos. Entre os quais, difundir a alegre notícia aos mais chegados e supor que, com segurança, desta vez, haveria de deixar os seus perseguidores, compostos dos que não conseguiram se realizar e só se regozijam oprimindo os que lhes devem subordinação e têm mais competência.



Na tertúlia, a regra é a seguinte: quem lhe pertence, tudo; ao que não a integre ou discorde dos métodos que adota, o rigor de suas normas.


Todos queriam informações:


-- Para onde irá: quem conseguiu? o que vai executar no novo trabalho?


Tudo enfim.


Sem cautela e talvez um pouco precipitado, diz:


-- Para o Palácio do Planalto. Fruto do apoio do Teófilo.
Vou carregar peso: a vaga é na reprografia. Estou hipercontente.


Seis colegas ouviam-no atentamente. Após a declaração, espantosa, todos riram muito alto fazendo comentários diversos; entre eles, este:


-- Que absurdo! é o fim!


Realmente, era o final. Nesse instante, o rádio-relógio desperta, no alarme, fazendo aquele barulho costumeiro! Eram 5:15h (horário em que se levanta todos os dias, seja fim de semana, feriado ou até em dias de férias).


Com surpresa, acorda para mais um dia e póde comprovar que tudo não passou de sonho.


Na vida, é assim: o devaneio está presente, em constància muito grande -- bom ou desalentador.


__________
(*) Brasília, DF, 1º/04/2007.








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