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Artigos-->Interessante -- 11/05/2001 - 05:09 (Anderson Strianni) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando acordamos pela manhã, levantamos da cama gostosa e quentinha, fazemos todo aquele ritual higiênico,tomamos um café delicioso, vamos para um trabalho digno, almoçamos e continuamos naquela dita "mesmice"; nem imaginamos que do outro lado, existem pessoas que fariam de tudo para ter essa rotina, para ganhar um pouco de dignidade e respeito.

Quase ninguém valoriza a vida que tem e que leva até conhecer a outra face desta mesma vida.

E como é bom saber que somos privilegiados, que somos seres perfeitos, dotados de uma enorme riqueza que é a da saúde, da boa família, do carinho, do trabalho digno e da auto-estima elevada.

Estou escrevendo esta mensagem porque a experiência que tive e estou tendo é tão grande e gratificante que vale a pena contar e dividir.

Passei dois anos convivendo com crianças carentes de carinho e de teto que me ensinaram a maior das

sabedorias que é transformar o pouco em muito,

valorizar tudo o que se tem e amar o próximo sem distinção.

A primeira vez que ouvi frases do tipo:

_" Tia você tem uma cama só para você "?

_" Porque Deus te deu essa vida boa e eu passo

fome e sou espancado"?

_" Sou pobre mas sou feliz, comi sopa ontem à noite..."( era água com farinha).

Percebi que as minhas reclamações eram fúteis,

sem cabimento.

Quem era eu para exigir a melhor calça jeans,

diversidade no almoço de todos os dias, viagem

longa nas férias? Meu Deus!! pensei, obrigada por

eu ter uma cama (alguém já pensou nisso?

É tão normal ter uma cama, não é ?).

Que direito eu tinha de falar que a minha vida

ia mal em algum aspecto, que bom ter uma rotina, uma mãe para reclamar que o guarda-roupa está uma bagunça, que todas as noites só tem pão com manteiga, doce, café, bolo...

Que vergonha!

Mulheres reclamam da falta da lava-louça, do microondas último tipo, que a televisão da vizinha

é mais moderna, mas esquecem que têm um teto,

uma família, carinho e não passam fome nem frio.

Enfim os sentimentos de ganância, ambição,

egoísmo, inveja, materialismo, sobrepõem os de

valorização, humildade, fraternidade,honestidade, etc.

Tem como o mundo melhorar? O país ir para frente?

Na mais recente visita a uma instituição

(Fundação Solidariedade) como membro do Projeto Criança, meu desejo foi cair prostrada de joelhos em agradecimento e,a minha vontade, transformar o pouco que eu faço, em muito.

Vi uma criança de cinco anos espancada, em casa,

cheia de hematomas pelo corpo, totalmente aterrorizada e frustrada, sem aquele brilho no olhar característico das crianças ativas e saudáveis.

Percebi a carência em seus olhos, a vontade de ser amada,de ver um sorriso de obter um "oi".

Ela não queria uma casona, brinquedos sofisticados,andar no carro do ano ,sim ,AMOR ,carinho,compreensão,tanta coisa abstrata mas de infinito valor.

Ela olhou-me nos olhos estendeu a mão e disse:

_Posso te dar um "abaço"?

_Você me dá um "beso"?

Nossa, pensei, o que eu preciso dar é tão pouco,não me custa nada. Porque nós não cultivamos,

não damos e não dividimos afeto?

Não precisa ter dinheiro para ajudar,nem tempo de sobra...

Basta possuir a capacidade de amar sem distinção e

exteriorizar isso, nem que seja com um sorriso, um aperto de mão, um muito obrigado.

O tempo todo que esta criança brincou ao meu lado, não demonstrou revolta,rebeldia nem mesmo agressividade, apenas gritava com o coração:

Me dêem uma chance de ser feliz,de provar que sou um ser-humano e posso crescer, progredir...

Quando eu estava indo embora ( já dentro do carro)em grandes reflexões,vi aquela pequenininha vindo em minha direção e dizendo:

_"Espele, espele, ó é pa vochê"...

Era uma flor. Uma das mais lindas que já recebi e com certeza o gesto de amor mais lindo que já vi.

Jamais jogarei esta flor, vou olhá-la para sempre quando achar que estou com problemas ou triste,

pois é o símbolo e o lembrete da minha vida perfeita e do outro lado imperfeito.



(Francine Krum Gonçalves)

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