Era José como outro qualquer, mas o Velu herdara do pai, Velusiano, um rijo
curvelano, seleiro, muito brasileiro, e ainda mais casamenteiro.
E o Zé, apesar de bonitão, dotado pro violão, seguiu o pai só na habilidade de lidar
com o couro. Mas pra dar no couro, que desdouro.
Desde cedo quis ganhar mundo, viajou para São Paulo como fizera o irmão
Francisco. E com brilho nos olhos e voz emocionada, narrava para os sobrinhos o seu
encantamento com a cidade
que vira em 1924. A estação da Luz, o viaduto do Chá, a avenida São João.
Não falava porém das moças, nem de trabalho. Trabalho era para o Chico, que se
empregara na estrada de ferro e fora morrer ainda moço em Santos.
O que o Zé queria e sempre quis, foi a diversão e, iludido nela, foi levando a vida,
entre um maço de Douradinho e outro. Fez o mínimo para sobreviver, valendo-se de
sua habilidade no ofício que aprendera do pai. Mas o melhor de seu tempo era para as
serestas, com aquela sua voz profunda e aveludada.
Devia ter namorado muito mas a animação pro matrimônio não era com ele.
Envelhecer, tampouco.
Já beirando os setenta, insistia que tinha era trinta e oito. E satisfazendo seu desejo,
aquele incorrigível andejo foi morrer com trinta e nove, sem deixar descendência e só
seu violão é que comove. |