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Artigos-->O Drácula de Coppola -- 14/02/2003 - 01:27 (Fernando Jasper) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O maior mérito do Drácula de Coppola, vencedor de três Oscars, é ser uma belíssima e muito bem feita experiência estética. A fotografia é excepcional, e predominam as cores azul e vermelha, intercalando-se conforme o momento: o azul predomina na noite e nos arredores do castelo do Conde Drácula, enquanto o vermelho ilustra magnificamente a viagem do corretor de seguros Jonathan, que sai de Londres e vai até a Transilvânia, na Romênia, vender imóveis ao conde.



O ponto alto do filme está nas espetaculares transições de cenas, produzidas com um perfeccionismo quase absurdo. Uma roda de fogo que quase imperceptivelmente se transforma no sol poente é apenas a mais simples delas. Uma cabeça rolando que se transforma num prato de carne é, talvez, a mais escatológica.

Outro destaque estético vai para a sombra do vampiro, que tem movimentos próprios, e para as estranhos e rápidos planos-seqüência subjetivos que indicam o movimento de Drácula quando metamorfoseado em lobo, lobisomem ou névoa, por exemplo. Lembram as primeiras imagens do cinema, que, quando rodadas em maior velocidade, aceleram todos os movimentos – de pessoas, carros, animais. Deduz-se que, em Drácula, tais efeitos foram obtidos simplesmente cortando alguns quadros da película.



A maneira que o diretor encontrou para transformar o livro – uma complexa seqüência de cartas e diários dos vários personagens – foi de narrar parte filme com a voz destes mesmos personagens. Mas, como já foi dito, Drácula de Bram Stocker era para ser chamado somente de Drácula. Não o foi por problemas de direitos autorais. Porque, na prática, diversas alterações foram feitas em relação ao livro de Stocker.



O Drácula de Coppola é muito mais o romance entre o conde e Mina, a reencarnação de sua amada morta que suicidara-se século antes. Típico de Hollywood. Aqui, Drácula é charmoso e irresistível. Longe do Nosferatu de Murnau, um ser decadente, miserável e relacionado com a peste. Graças à sua “atmosfera expressionista” e estética ousada, Nosferatu consegue causar no espectador sensações muito mais aterrorizantes do que na maioria das outras adaptações de Drácula, que ficaram restritas à estética norte-americana, quase sempre convencional, realista e conservadora.



Murnau, no entanto, também fez algumas alterações significativas no roteiro original. Transportou a ambientação da Inglaterra para a Alemanha e o ano, ao invés de 1880, é 1836, coincidindo com o surto de peste negra na cidade alemã de Bremen. Surto de peste pelo qual Orlock (o Drácula) acaba sendo culpado e perseguido pelos moradores de Bremen. Um vilão que pode ser comparado a um pobre animal fugindo de seu predador e escondendo-se nos cantos escuros da cidade. Momento em que torna-se questionável a relação entre o bem e o mal, dúvidas que parecem ter tomado conta também do povo alemão derrotado na guerra.



Todas estas relações, exceto a existente entre o bem e o mal, aqui causada pelo romance, foram ignoradas por Coppola. Nele, Dracula fala demais (coisa que não fazia na história de Stocker) e anda de dia (antes impossível, agora viável mas com uma “perda de poderes”). É, em essência, uma história de amor entre Drácula, um espírito que vagueia pelas ruas, mas que tem sentimentos. Como já diz o subtítulo do filme, “o amor nunca morre”. Paciência.

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