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Cronicas-->ID(I)OLATRIA -- 10/04/2007 - 09:49 (Daniel Viveiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Assisti pelo telejornal o sufoco que um dos Ronaldos do futebol passou ao desembarcar no Brasil.
Fãs e profissionais da mídia se acotovelavam sobre o pobre coitado milionário, exigindo-lhe as mais ridículas das atenções.
Em ano eleitoral e Copa do Mundo, os "artistas" meteóricos dos teleprogramas beisterol cedem espaço a políticos e futebolistas.
É incrível o poder da TV em criar ídolos; ela precisa deles para se auto-alimentar
e como a maioria são faltantes de substància, mantêm-se no auge o tempo suficiente de esvaziarem-se na própria nulidade, deixando um vácuo por ser constantemente preenchido.
Mas, infelizmente o que mais me dói não são os ídolos descartáveis e sim os permanentes, os que tenho por desprazer assistir, já há trinta anos, suas caras dominando a política nacional;
pior ainda é ver que os avanços da medicina dão-lhes uma longevidade de causar inveja.
Como sou voto minoritário convivo calado com a angústia de ver-lhes a cara a cada quatro anos,
e nela o desprezo com que tratam a esses pais imbecis que empurram crianças indefesas em seus colos pútridos.
Oferecem-lhe a inocência infantil com que camuflam sob flashes e càmeras a cara conspurcada e os sorrisos forçados do nojo que sentem pela plebe que desdenham e manobram em benefício próprio.
Quem são essas gentes que se permitem chamar de povo ou partidários, e agarram-se com ardor estúpido à políticos descarados, alvo de denúncias de escàndalos dos mais medonhos,
e que desaparecem como por encanto nos anos seguintes em que eleitos para mamar nas tetas do nosso bolso usurpado?
Imaturo, fui buscar respostas em Tolstói: "Sem a consciência de si mesmo não são possíveis nenhuma observação e nenhuma aplicação do raciocínio".
Então é isso? esses que têm a necessidade de agarrar-se com histeria a ídolos não enxergam a si mesmos? Não têm consciência de si por quê?
Não fazem uso da própria razão? Ou crêm que o ato de tocar lhes garantirá alguma porção de status ou a qualidade de "televisionável"? O que não deixa de ser uma espécie de vampirismo, ou um secreto desejo do toque de Midas.
Até é explicável que uma mulher que sangra toque nas vestes de Jesus levada pela dor e fé, agora fazê-lo em um qualquer que surgiu por acaso na mídia, ou num velhaco bom de lábia é outra coisa.
Se as ações humanas decorrem da liberdade de agir e da necessidade de satisfação de seus impulsos, qual é a necessidade que têm esses que maltratam a si mesmo e a seus pares em nome de um outro desconhecido, mesmo que dono de uma voz, uma bunda ou um rosto bonito?
Mesmo comprovadamente ser o sujeito autor das piores vilezas, das mais virulentas das ações, ainda assim arrebanha admiradores!
Tenho também meus ídolos, mas não lhes daria o desgosto de terem que aturar as minhas secreções ou meus inoportunos ataques de selvageria ou subserviência.
Roland Barthes afirma que "a função do mito é evacuar o real: literalmente, o mito é um escoamento incessante, uma hemorragia, ou se se prefere, uma evaporação; em suma, uma ausência sensível."
Fiquei mais perdido ainda... essa história de mitos está ficando complicada...
Então as pessoas estão esvaindo-se da própria existência como a seus mitos? Por quê ninguém quer existir pura e simplesmente simples? Há por acaso um mimetismo social,
um conluio coletivo em que todos de mãos dadas seguirão para o nada? Para a ausência insensível?
Dúvidas à parte, tenho à duras penas mantido uma distància segura de tais pensamentos e dos lixos que nos impõem no dia-a-dia;
lanço-lhes sim continuamente um solitário olhar intimidador sobre as obras e ações obscuras das mídias e dos que dela usam, como alertou há milênios Juvenal: Panem et circensis.
Devemos policiar a nós mesmos em busca de lucidez, questionando sempre a utilidade das programações oferecidas nos meios de comunicação e que atulham nossa mente com espetáculos alheios à miséria indeferente que nos rodeia, e a das inutilidades que homogeneizam opiniões e caráteres, imbecilizando subliminarmente o invigilante com sua doutrinação massificadora e interesseira.

Daniel Viveiros®
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