Ontem recomecei a lidar com o mundo e percebi que nada mudou. Apenas o ano, talvez, tenha mudado. O milênio, quem sabe, mudou ou não? Mudará somente em dois mil e um, uma odisséia na cabeça das pessoas menos informadas. Enfim, não mudou nada.
Ontem as pessoas ainda me desejavam feliz dois mil. Então eu faço a pergunta: Cadê os dois mil? Eu quero gastar logo antes de dois mil acabar.
Ontem sentado à beira do abismo pesando... pensando... pesando... pensando... pesando... pensando... pesando, penso pesar o pensar. Descobri que não cheguei e nem chegarei à conclusão alguma. Pensei.
Vivi o ontem sem inspiração. Escrevi o amanhã sem nenhuma inspiração.
Ontem lacei mais um tatu em vóo, assim como foi o primeiro ontem, com mais tatus, buracos e vóos cegos, Ã s cegas. Saltitarei mais estrelas. Trinquei cabeço. Chapei melão. Rachei os bicos e deixei o passado no penico. Alcei vóo pena e sai no rabo da hiena. Não sei se tudo vale a pena, pois sei:
Se tuas leves penas
são feitas para voar
as minhas pesadas penas
são penas do meu penar.
Ontem em ritmo de férias
Não produzi o suficiente
Mas também pudera
Eu paguei o preço da miséria
Rolei a dívida feito esfera
Que se transformou em bola de neve
Quero ver quem se atreve
A empurrar com a barriga
Eu com meus papagaios enquanto os ricos empinam pipa
Se descuidar ava[lanche]
Que eu quero revanche
Mereço a mesma chance
E quem sabe contarei mais estórias do ontem ou amanhã na versão 2000 ou 2001
Ou mandarei o mundo para a única ponte que ainda não caiu
Devido à pobreza deste imenso Brasil
Salvem os poetas, mulheres e crianças.
Não exatamente nesta ordem