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Cronicas-->GALERA OU BÁRBARO? -- 21/04/2007 - 18:08 (Daniel Viveiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

As palinfrasias continuam me importunando.
A mais recorrente, que já não suporto, é o "Galera".
Detesto que, estando num grupo, me chamem de "galera".
Odeio ser "galera"! não é nem pela origem da palavra, que era estar prisioneiro em galés, remando remando e remando,
condenado a morrer acorrentado pelos tornozelos a um barco de guerra à remo, quando este viesse à pique em uma derrota naval.
Pretendia também tratar com ironia os que utilizam os adjetivos "Irado" e o adjetivo/substantivo "Bárbaro",
e reclamar que irado estava eu em ver que todos os esportes e profissões atuais associaram estes adjetivos ao que está em moda cultuar: o "matador"!!
O executivo ou jogador implacável, sem coração, que destrói seus inimigos! Algo como os candidatos do programa do Justus e os Ronaldinhos no futebol.
Fui pesquisar especialmente a palavra "Bárbaro",
para descobrir que os grandes pensadores da atualidade estão propondo novos significados para o termo.
Afinal, não é bárbaro que em pleno século XXI "globalizado",
ainda hajam mensalões com dinheiro desviado da saúde pública e educação infantil; aviões atirados em edifícios; bombas em trens superlotados; países fortes invadindo fracos, entre outras "barbáries"?
Arquitetava tudo isso em minha mente, antevendo o gozo de vê-las postas no papel: crítica ácida, indignação pura e despeitada,
até perceber que talvez tornar-se galera não é tão mal!
Eu, que tenho andado me sentindo ultimamente tão sozinho comigo mesmo...
Por exemplo, poderia tornar-me galera de um clube de futebol,
tatuar nas costas e braços seu escudo e dizer em cadeia nacional
que o "bahêa" ou o "timão" o "verdão" é a razão de minha vida.
Igualar seus rebaixamento à mesma dor sentida com a perda de minha querida mãezinha...
Ou galera irada em um show, aboletado em meio a centenas de pessoas suadas, (após ter pago uma fortuna no ingresso) gritando histericamente o nome do(a) vocalista de uma banda qualquer, levando cotoveladas, em pé e na chuva e com um negão me cutucando e fungando meu cangote.
Já pensaram, "irado" (nervosinho) como sou, ser um "mano" de uma turma de pitt-boys, marombado, orelha de couve-flor, cachorro mal encarado na coleira, e sair quebrando pessoas desconhecidas a pontapés só porque sou bárbaro ou não são de minha galera!
Ou talvez, filiar-me a um partido político qualquer, e levantar-lhes bandeiras sem ganho algum nos meus fins de semana e feriados chatos e sem emoção, ou ainda, alistar como militante do MST e MSTU, PT ou outro partido e ser usado como massa de manobra para cujos fins se desconhece.
Cultuar e pegar autógrafos dos mais recentes ídolos do último BBB,
novíssimas celebridades instàntaneas, ou ver meus novos modelos atriz/ator/ de juventude e felicidade física e "intelectual" requisitados a darem opiniões sobre assuntos profundos da busca humana nos programas do Faustão, Gugu, Hebe ou Luciana Gimenez.
Alugar minha bunda para vender de chinelo a cerveja na TV;
trabalhar cada vez mais para pagar aumentos progressivos de impostos e comprar supérfluos.
Ouvir música cada vez mais barulhenta, usar drogas para anular o ser ou não-ser.
Passar meus fins de semana em Bloggers, Mensegers, Screenagers, Orkut e Gazzags enquanto o mar continua fazendo barulho nas areias da praia.
Imitando, poderei suportar o vazio do estar só pois me acho insuportavelmente vazio;
pois o só comigo mesmo é estar em má companhia...
Atualizarei o passado: da corrente nos tornozelos das antigas galés,
colocarei piercings na língua, pulseiras metálicas ou de silicone no pulso, palavras prontas à boca, culto à fama vazia, enriquecer sem esforço algum.
Desisto!!
Para quê toda a liberdade de hoje em dia, de ser eu mesmo,
se não há mais diferenças entre loucos e sãos?
Se querem padronizar tudo em minha vida, democratizar meu comportamento, desfazer minha subjetividade, minhas diferenças, minhas buscas? O mundo e a mídia contra mim...
Como todas as artes subordinadas ao ponto de vista de um só crítico.
-
Acho que ando megalómano.
Talvez mitómano.
Mas ainda prefiro continuar neurótico, a perder todos esses anos de buscas, mesmo trazendo em mim tantas mazelas que recebi e contestei em meus pais.


Daniel Viveiros®
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