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Cronicas-->O TEMPO EM QUE PUDE EMPRESTAR MEUS OLHOS E OUVIDOS -- 21/04/2007 - 23:43 (Heleida Nobrega Metello) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Quando a memória acende a luz verde:




imagem:http://l.yimg.com/www.flickr.com


"Uma estrada, uma charrete e a pequena escola rural composta de apenas uma sala, onde a entrada e saída davam de frente com o quadro-negro envelhecido, arduamente disputado por três séries (1ª, 2ª e 3ª) e uma professora eram os principais personagens da cena que se segue:

Um cenário rural, no qual diariamente, alunos de porte miúdo caminhavam inclusive aos sábados, por duas, três horas entre chegar ao meio-dia e voltar às 16 horas, por estradas de pó ou barro, tão-somente para poderem aprender a lidar com letras e números, ouvir histórias com imagens, fotos ou desenhos que até então nunca tinham avistado.

Ali, eu representava seus olhos, seus ouvidos. Ali, distante da cidade, naquele ínfimo espaço, eu tentava lhes apresentar a beleza e a diversidade do mundo, sem, no entanto, deixar de valorizar a bondade e beleza que cercava o universo que até então estiveram inseridos. E as palavras tinham quer ser quase mágicas para apreender-lhes a alma e ainda obter um resultado satisfatório de aprovação sob olhares de inspetores.

Aos sábados, à vista do cavalo e charreteiro, ao pé de uma capela, meus dedos e um violão, com muita modéstia, mas muita mesmo... (até porque em terra de cego quem tem um olho é rei) faziam retinir sons de canções populares. Cantávamos, fazíamos roda, retirávamos e deixávamos alegria na roça, como costumávamos dizer. E o retorno se tornava suave, pois a melodia ainda ecoava perpassando as missas e os domingos.

Além de uma aventura nada fácil para os meus dezoito anos, ainda existia o agravante de que metade dos primeiros salários de minha vida tinham que ser direcionados para o bolso do charreteiro, meu companheiro, além do cavalo, o mais prejudicado.

Este foi o cenário que permaneceu por um ano entre idas e vindas e que duravam três horas por dia ou mais, se ZEUS decidisse jogar suas águas e sua fúria. E quando isso acontecia, se necessário, um anjo enviava uma junta de bois para desatolar a charrete.

Ao término do ano, a certeza de que meus alunos haviam se saído bem e que levavam nos pequeninos corações, infindáveis imagens construídas a partir de recortes de jornal, revistas, coisas absolutamente simples e possíveis de serem feitas. E muitas histórias... Ah! Muitas e muitas histórias!

Contudo, quando o cenário foi removido do meu palco, constatei o quanto havia ganho e que minha bagagem era bem maior que a deles. Na realidade, dentre tantas imagens novas e puras, não é raro insurgir a do ramo de flores silvestres que por um ano, dia após dia havia sido colocado no parapeito do velho vitró. Raimundo, o aluno portador desta delicadeza..."

Por hoje, este capítulo. Para o próximo, só mesmo quando minha memória der outro sinal verde.


Heleida
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