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Cartas-->Palavras quase mudas -- 14/03/2004 - 08:56 (Andre Luis Aquino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Somos como brinquedos nas mãos de nossos sentimentos e toda tentativa de controlá-los parece ser em vão, pois quem se torna racional demais também cai em armadilhas, perde o contato com si mesmo, reprime metade de si, nunca conseguindo tornar-se um ser humano pleno.
E nesse turbilhão de pensamentos tento ficar no limiar, na divisa, na fronteira da razão com a emoção, misturo ímpeto com precaução, esperança com decepção, o meu silêncio é barulhento demais e minhas reticências são como palavras quase mudas...como presenças ausentes... um jardim abandonado cheio de sementes.
Existem muitas pessoas dentro de nós, aquela que chora e aquela que ri, aquela que fala e aquela que cala, aquela que pisa na cabeça dos outros e se fortalece com isso e aquela que sara as feridas da alma, da sua e de todos que pararem para prestar atenção nela. Todas essas pessoas vivem dentro de nós pacificamente, se respeitam e se amam dentro de um mesmo ser.
Ouço o sussurro da minha consciência em pensamentos lógicos que me conduzem pelos caminhos da razão, mas ouço também a voz dos ventos a gritar aos meus ouvidos o lamento da natureza ferida, o choro das águas poluídas, o pranto da menina do outro lado do oceano com saudades do pai...
Estou perdido nos passos do meu caminhar no meio do caminho entre o cérebro e o coração, entre a alegria e o lamento, entre o chacra emocional(terceiro olho) e o chacra racional( perto do umbigo), transito entre o absoluto e o nada, metade de mim está no deserto e a outra na água , pés fincados no chão e a cabeça nos céus.
Os nossos caminhos são todos diferentes, mas vão dar todos no mesmo lugar,o caminho do acaso poder ser o azar ou a sorte, o caminho de uma mulher pode ser o mesmo de uma mãe ou não e o caminho da vida será sempre o mesmo, a morte...
Olho para a estante repleta de livros que estão ficando velhos a cada dia, como eu, e consigo entender que o que hoje sou está um pouquinho em cada um deles, olhando daqui suas palavras também permanecem quase mudas, mas de alguma forma elas estão na verdade falando dentro de mim.

http://andre.aquino12.blog.uol.com.br

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