Voltávamos.
A viagem era como um passeio tortuosos e infinito, com paradas bruscas que nunca sabíamos se era para descer.
Como uam montanha russa, fazia seu percusso e eu sentada num banco de costas, invertida ao sentido do metró.
Em cada estação, uma confusão de gente entre empregados, carregadores e passageiros.
Viajávamos em uma rota genética, helicoidal, de duplos trilhos, em direção vertical, de cima para baixo.
Assim era o voltar da Espanha: confusões nos andenes, sentimentos de insegurança e incertezas: o quarto de banhos da Rua do Futuro não tinha cortina e Armando já não estava mais acolá. O caminho para o Ateneo era impreciso, nem eu mais sabia o que era: a rua da matriz? a rua dos correios? Onde era o Ateneo? Ao menos passar por lá para ver como ficou a reforma e de pronto, nos encontrar com uma gente que nem tinha nada a ver. A roupa molhada no corpo pela noite. A quantidade de balões que imitavam estrelas enchendo o céu de São João. Os balões caiam pelas praças e traziam chocolates e sorvetes. Não encontrávamos nenhum que nos adoçaria aquele momento amargo.
Nada satisfazia àquelas almas vazias na volta.
Salamanca, Espanha, 01 de agosto de 2006. |