Vi e li a entrevista concedida pelo Ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal, ao jornal O Globo, no último domingo. As fotos do Ministro contidas na matéria antecipam tudo menos o que deve representar a liturgia do cargo. Bermudas, camiseta, chinelo são partes do vestuário que um Ministro do STF deve preservar para uso privado.
A entrevista gira, especialmente, em torno do seu recente livro erótico em relação ao qual compara sua personagem feminina à Saraminda, do Sarney. Ele acha que o livro não é obsceno, pois, segundo Grau, obscena é a pobreza. É o caso de perguntar: só isso, Ministro? E a corrupção generalizada no Governo, é obscena ou não?
Adiante, Grau revela que foi guerrilheiro - com o codinome Rogério, nome do herói de seu livro, coincidentemente, e pertencia ao Partidão, ou seja, ao Partido Comunista. Não era, portanto, um peleante pela democracia, senão alguém que pretendia impor ao País a doutrina comunista e, consequentemente, a chamada Ditadura do Proletariado. Queria derrubar uma ditadura para, em seu lugar, erigir outra, com grau de liberdade ainda menor.
Perguntado se ainda era comunista, respondeu: "quem foi do Partidão nunca vai deixar de sê-lo."
Dá Ã palavra "jurisprudência" uma interpretação bem distante daquelas dos grandes mestres e dos juristas, de um modo geral. É contristador verificar a que grau pode chegar um ministro da mais alta corte do País.