Usina de Letras
Usina de Letras
162 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62070 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Um olho de sol coado entre os galhos (nanoconto) -- 17/05/2014 - 21:30 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

 

Espiados por um olho de sol coado entre os galhos da mata, romperam caminho de volta e horas depois, cavalos e cavaleiros riscaram o pé da cancela na sede da fazenda, visivelmente cansados, ansiosos e de boca seca. Era justo o prometido: cada caçador ganhar na volta uma bezerra. Tanto faz ter chegado na primeira hora como na derradeira, a graça do santo para quem acompanhou a procissão é a mesma.  À frente da tropa ia Zenofre, puxando a índia, sempre seguido de perto por seu cachorro de estimação. Alguns de casa inda guardavam repouso da noite de ontem.  Cláudio acabara de tomar uma xícara de café escoteiro e estava com roupas de dormir, quando ouviu o tropel. Queria saber do sucedido com a caça e com os caçadores.

Tá ficando maluco, homem de Deus! Essa é a onça que comeu o bezerro da Mimosa?

—Se comeu, não sei. Mas é uma índia ‘fema’.

— O bicho fala?

—Prezei. Ela dixe. “Xambioá, Xambioá... Apinajé...

A índia, provavelmente, era da tribo Apinajé e tinha uma ferida debaixo do peito de onde escorria uma resina semelhante à mucilagem da babosa; gosmentae brilhante como o rastro deixado pela lesma. Taturana, concluiu Cláudio. Taturana queimou o peito da índia.

— Corina, chegue aqui! Traga uma roupa sua para cobrir este animal.

—Nossa! O cheiro é bom, a mulher, feia.

—Que vamos fazer com essa coisa, seu Cláudio?

—Amarre na casinha de curral. Na sombra, presa só pelas mãos, com corda comprida. Dê água e comida. Ela é sua. Quem amansa burro bravo, haverá de domar também esta fera. Se com trinta dias não entregar os beiços, solte e deixe ir embora.

Durante duas semanas a índia só aceitava água e fruta. Foi quando Zenofre se lembrou de dar carne chamuscada, só lambida de fogo. Ela comeu e ficou reparando o escapulário. Vaqueiro Zenofre retirou o relicário do pescoçoe deu à índia. Ela pôs no próprio pescoço, em ritual indígena, depois o devolveu. O vaqueiro ficou sem ação. A selvagem gesticulou, disse algumas palavras ininteligíveis e Zenofre percebeu pelos gestos dela, que deveria repetir encenação. E o fez, mantendo o escapulário no lugar onde sempre estivera: no pescoço dele. Eram amigos ou estavam casados, no entender da índia.

—Zenofre, mande Adelço ir atrás do vaqueiro desaparecido, dissera o patrão assim que os caçadores de onça chegaram.

As horas corriam. Joselino sozinho, com a arma atravessada no arção da sela, deparou-se com a fera no despenhadeiro. Dona Euzébia que preparara a matulachorava a sina do filho que em mata fechada, em luta travada entregara seu espírito de vaqueiro ao Criador. “Será que meu filho comeu, pelo menos da paçoca?” E olhava as mãos calejadas na soca do pilão. Distante, viu um vulto cavalgar o trote da vitória.

—É seu Joselino, gritou um menino.

—E traz um couro de bicho na lua-da-sela, pintado, bonito, estampado de preto e amarelo-ouro como chita, disse Euzébia.

 

Veja outros texto deste autor buscando em:

http://www.textoregistrado.com.br/exibetexto.php?cod=135897704703377000&cat=textoreg

Imagem: Google

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui